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Kirchner e Lula tentam reanimar Mercosul
Brasília - Argentina e Brasil tentarão nesta quarta-feira recuperar um atraso de três anos de omissão de ambos no Mercosul. O desafio trouxe a Brasília o presidente argentino Néstor Kirchner. Em seu encontro às 11 horas, no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Kirchner pretende remexer em feridas antigas - como a integração produtiva precária e os descompassos nas economias dos dois países - e tocar na recente decisão do Uruguai de propor a negociação de um acordo bilateral de livre comércio com os Estados Unidos.
O embaixador José Eduardo Felício, subsecretário de Assuntos de América do Sul do Itamaraty, afirmou que não se pode esperar decisões extraordinárias nesse evento. Nenhum acordo ou protocolo bilateral será assinado pelos presidentes hoje, além da declaração oficial do encontro. Kirchner falará inflado pela presidência temporária no Mercosul neste semestre e como o líder que terá de "tourear" o Uruguai e fazer, ao lado do Brasil, o mea-culpa por não ter se preocupado com os benefícios que o bloco deixa de render aos sócios menores.
"O Mercosul precisa hoje de mais relacionamento Brasil-Argentina. Os dois sócios maiores têm de dar uma virada no bloco, têm de pensar em uma estratégia de integração", afirmou o embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé. "A relação Brasil-Argentina virou a política da geladeira, a política das autopeças. Virou uma política arroz-com-feijão de setores comerciais."
Os temas mais complicados da relação estão encaminhados e não devem pesar nas conversas entre os presidentes. Entre quinta-feira e o dia 31 de janeiro, negociadores dos dois países deverão realizar cinco reuniões e arrematar a Cláusula de Adaptação Competitiva (CAC), um polêmico mecanismo de salvaguardas para o comércio bilateral que deverá também virar regra no Mercosul. Também está em andamento a discussão das novas regras do comércio de itens do setor automotivo.
Mas, certamente, esses assuntos serão um motivo para que os dois presidentes anunciem a formulação de política industrial para o Mercosul. A proposta vem sendo discutida entre os negociadores como forma de contornar as repetitivas pendências comerciais e de contornar as chamadas "assimetrias econômicas" entre os dois países. Para tornar-se realidade, entretanto, essa política industrial do Mercosul dependeria de volumosas concessões dos sócios, especialmente da Argentina e do Brasil.
Segundo o embaixador Lohlé, não há como dar um rumo para o Mercosul sem a criação de instituições fortes e supranacionais para o bloco - o que dependeria de concessões de fatias da soberania de todos os seus parceiros. Trata-se de uma receita similar à seguida pela União Européia. O Mercosul, no ano passado, criou mecanismos para suprir essas deficiências, como o Fundo de Convergência Estrutural.
Kirchner subirá a rampa do Palácio do Planalto acompanhado por pelo menos quatro ministros - Jorge Taiana, de Relações Exteriores; Felisa Miceli, da Economia; Julio De Vido, do Planejamento; Ginés González García, da Saúde - e pelo secretário de Indústria, Miguel Peirano, que seguirá com as discussões sobre as salvaguardas na quinta-feira. A senadora peronista Cristina de Kirchner, primeira-dama do país, desta vez não virá ao Brasil.
O embaixador José Eduardo Felício, subsecretário de Assuntos de América do Sul do Itamaraty, afirmou que não se pode esperar decisões extraordinárias nesse evento. Nenhum acordo ou protocolo bilateral será assinado pelos presidentes hoje, além da declaração oficial do encontro. Kirchner falará inflado pela presidência temporária no Mercosul neste semestre e como o líder que terá de "tourear" o Uruguai e fazer, ao lado do Brasil, o mea-culpa por não ter se preocupado com os benefícios que o bloco deixa de render aos sócios menores.
"O Mercosul precisa hoje de mais relacionamento Brasil-Argentina. Os dois sócios maiores têm de dar uma virada no bloco, têm de pensar em uma estratégia de integração", afirmou o embaixador da Argentina no Brasil, Juan Pablo Lohlé. "A relação Brasil-Argentina virou a política da geladeira, a política das autopeças. Virou uma política arroz-com-feijão de setores comerciais."
Os temas mais complicados da relação estão encaminhados e não devem pesar nas conversas entre os presidentes. Entre quinta-feira e o dia 31 de janeiro, negociadores dos dois países deverão realizar cinco reuniões e arrematar a Cláusula de Adaptação Competitiva (CAC), um polêmico mecanismo de salvaguardas para o comércio bilateral que deverá também virar regra no Mercosul. Também está em andamento a discussão das novas regras do comércio de itens do setor automotivo.
Mas, certamente, esses assuntos serão um motivo para que os dois presidentes anunciem a formulação de política industrial para o Mercosul. A proposta vem sendo discutida entre os negociadores como forma de contornar as repetitivas pendências comerciais e de contornar as chamadas "assimetrias econômicas" entre os dois países. Para tornar-se realidade, entretanto, essa política industrial do Mercosul dependeria de volumosas concessões dos sócios, especialmente da Argentina e do Brasil.
Segundo o embaixador Lohlé, não há como dar um rumo para o Mercosul sem a criação de instituições fortes e supranacionais para o bloco - o que dependeria de concessões de fatias da soberania de todos os seus parceiros. Trata-se de uma receita similar à seguida pela União Européia. O Mercosul, no ano passado, criou mecanismos para suprir essas deficiências, como o Fundo de Convergência Estrutural.
Kirchner subirá a rampa do Palácio do Planalto acompanhado por pelo menos quatro ministros - Jorge Taiana, de Relações Exteriores; Felisa Miceli, da Economia; Julio De Vido, do Planejamento; Ginés González García, da Saúde - e pelo secretário de Indústria, Miguel Peirano, que seguirá com as discussões sobre as salvaguardas na quinta-feira. A senadora peronista Cristina de Kirchner, primeira-dama do país, desta vez não virá ao Brasil.
Fonte:
Agência Estado
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/324179/visualizar/
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