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Nacional
Terça - 17 de Janeiro de 2006 às 19:57

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Brasília - No depoimento que presta agora à CPI dos Bingos, o economista Paulo de Tarso Venceslau relatou que em 1995 registrou em cartório a carta encaminhada ao então presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, revelando o esquema de arrecadação patrocinado por uma empresa representada pelo seu compadre, Roberto Teixeira, para buscar dinheiro junto às prefeituras do partido, com o objetivo de abastecer o caixa 2. "Tirei uma cópia e entreguei nas mãos e todos os dirigentes: senador Mercadante, senador Suplicy, mas o silêncio continuou", afirmou.

O economista disse que passou quatro anos peregrinando para impedir que a empresa Consultoria para Empresas e Municípios continuasse burlando a cobrança do ICMS das prefeituras, com documentos rasurados e falsificados, mas que ninguém lhe deu atenção. "Levei para o Aloizio Mercadante que ficou chocadíssimo, levei para o José Dirceu, levei para o Gilberto Carvalho, que hoje é chefe de gabinete do Lula e nada aconteceu". Segundo o depoente, o único resultado concreto foi a sua expulsão do partido, no início de 1998.



Omissão Ao relatar, na CPI dos Bingos, que não recebeu solidariedade dos petistas, o economista lembrou a explicação que disse ter recebido na época de Frei Beto, militante do partido e ex-assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Se o Lula souber que alguém está conversando com você, ele jura que aquela pessoa vai ser decapitada do partido", teria dito Frei Beto, de acordo com o relato de Venceslau.

Segundo Venceslau, figuras ilustres do partido, como o hoje senador Aloizio Mercadante (PT-SP), e o ex-deputado José Dirceu, "desapareceram" na ocasião. De acordo com seu relato, na época, o então deputado José Genoino, que depois seria presidente do PT, teria afirmado, a respeito do esquema para abastecer o caixa 2 do PT: "Todos nós sabemos disso com todas as letras. Isso tudo é verdade. Mas não podemos fazer nada".



Venceslau diz que Okamoto é pau-mandado do PT Paulo de Tarso Venceslau acusou o atual dirigente do Sebrae, Paulo Okamoto, de ser o "bate-pau" de dirigentes do PT, no esquema de arrecadação de verbas para o caixa 2. Venceslau disse que usa esse termo ao se referir a "pau-mandado", "que executa qualquer tarefa", sem querer saber se é licita ou não.

Segundo o depoente, embora não tivesse nenhum cargo na direção do PT, Okamoto pedia aos prefeitos petistas a relação de fornecedores da Prefeitura, supostamente para pedir dinheiro para o partido.

Quando o então presidente do partido, Luiz Inácio Lula da Silva foi questionado pela comissão de sindicância do próprio partido sobre as ações de Okamoto, Lula limitou-se a reconhecer que Okamoto ajudava muito na campanha mas que sua colaboração era muito mais logística. "Ele vende adesivo. É o gerente da gráfica", teria alegado Lula, segundo relato de Venceslau.

Sobre o fato de Okamoto procurar empresas fornecedoras das prefeituras, Lula teria dito que não sabia do fato, mas que acreditava que devido às suas relações de amizade, Paulo Okamoto indicava pessoas que podiam ajudar na campanha. "Ou seja, ele (Lula) dizia que o Paulo Okamoto vendia adesivo, canetinha. Era não querer ver ou fingir que não vê", afirmou Venceslau.

O economista disse também que foi processado por Lula, José Dirceu, Paulo Okamoto, e Paulo Frateschi, mas que foi vencedor em todas as ações, que não chegaram a ser concluídas, porque caducaram.




Fonte: Agência Estado

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