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Internacional
Terça - 17 de Janeiro de 2006 às 08:27

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O primeiro-ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, é o protagonista desta semana de seu próprio "Big Brother", que projetou para aumentar sua popularidade, em um momento no qual aumentam as críticas contra sua gestão. Durante esta semana, Shinawatra passará a maior parte do tempo vivendo em uma tenda de campanha levantada em uma zona rural da província de Roi Et, uma das menos desenvolvidas do país, e acompanhado por uma equipe de filmagem que registrará suas ações e conversas.

O espetáculo, que será transmitido ao vivo durante 24 horas pela televisão, mostrará Shinawatra recebendo as visitas dos camponeses, que lhe transmitirão suas preocupações.

Shinawatra, multimilionário transformado em político, recorre ao fanatismo dos tailandeses pelos reality shows para enfrentar as críticas de que fez pouco caso da população rural em favor das cidades, onde investiu a maior parte dos recursos públicos.

"O primeiro-ministro está realizando sua própria telenovela fora da política, que caminha rumo a uma profunda crise", disse o sociólogo Thirayuth Bummi.

Os camponeses, que representam 87% da população da Tailândia, contribuíram maciçamente para a vitória obtida por Shinawatra nas eleições legislativas realizadas em fevereiro do ano passado.

"O objetivo deste espetáculo televisivo não é outro senão recuperar a decrescente popularidade, embora o primeiro-ministro e seu gabinete não queiram admiti-lo", apontou Ubonrat Siriyuvasak, professora da faculdade de jornalismo da Universidade Nacional de Chulalongkorn, em Bangcoc.

Segundo uma pesquisa de opinião feita pelo departamento de enquetes da Assumption University, a aprovação de Shinawatra havia caído para 45% em novembro passado, frente aos 77,5% de fevereiro de 2005, devido à desaceleração econômica e aos escândalos de corrupção.

Nas eleições legislativas de fevereiro de 2005, Shinawatra renovou seu mandato graças ao triunfo de seu partido Thai Rak Thai, que obteve 377 das 500 cadeiras que integram o Parlamento. Mas, desde então, as coisas não transcorreram de acordo com o planejado pelo Governo.

"Quero que a população e os funcionários vejam e entendam minha forma de pensar, analisar e propor soluções para os problemas na luta contra a pobreza", disse o primeiro-ministro.

Shinawatra será seguido por cerca de 40 câmaras de televisão e cem membros da equipe de produção, que tentarão, durante cinco dias, manter a audiência dos espectadores.

Os altos preços do petróleo reduziram o crescimento da economia, diminuindo as receitas da Administração e complicando o financiamento dos grandes projetos de infra-estrutura prometidos por Shinawatra, e que lhe ajudaram a ganhar muitos dos votos do eleitorado.

Há vários meses, grupos de professores e agricultores realizam protestos semanais diante da sede do Governo, e todas as sextas-feiras centenas de cidadãos vão ao encontro, em um parque de Bangcoc, de Sondhi Limthongkhul, empresário dos meios de comunicação e um antigo aliado de Shinawatra, agora transformado em um "pesadelo" para o primeiro-ministro.

Além disso, cerca de 1,2 mil pessoas morreram em ataques e atentados com bomba perpetrados pelos militantes do movimento separatista islâmico, e em ações das forças de segurança tailandesas, em dois anos de contínua violência nas províncias muçulmanas do sul da Tailândia.





Fonte: EFE

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