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Internacional
Terça - 01 de Janeiro de 2013 às 01:33

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou na segunda-feira (31), que um acordo para evitar o chamado "abismo fiscal" está "à vista", a poucas horas de sua entrada em vigor.

"Parece que um acordo está à vista", disse Obama. "Mas não está feito. Ainda há agums itens que precisam ser resolvidos, mas acreditamos que o congresso vai conseguir".

Segundo o presidente, não será um acordo completo para resolver todos os problemas orçamentários do país. "Tenham em mente que ainda teremos mais trabalho a fazer", disse. "Teremos que fazer mais para balancear o orçamento (...), teremos que reformar a legislação tributária, para que os ricos, os milionários, não possam se beneficiar de "buracos" na legislação que não estão disponíveis para a classe média".

O presidente dos EUA, Barack Obama, em pronunciamento na Casa Branca nesta segunda-feira (31) (Foto: Reprodução/Casa Branca)
O presidente dos EUA, Barack Obama, em pronunciamento na Casa Branca nesta segunda-feira (31) (Foto: Reprodução/Casa Branca)

 

A prioridade, segundo o presidente, é impedir que os impostos subam para a classe média a partir do dia 1º de janeiro. "Democratas e republicanos têm que chegar lá. Uma coisa que podemos contar a respeito desse congresso é que, se tiver pelo menos um último segundo sobrando, vão usar esse último segundo. A esse ponto, parece que vou passar a véspera de ano novo aqui em DC (o distrito federal dos EUA, onda fica Washington)". .

Negociações
Mais cedo, o líder democrata do Senado, Harry Reid, afirmou que as negociações entre seu partido e os democratas continuam.

"Há um número de assuntos em que as partes não concordam", afirmou. "Os americanos estão ameaçados com uma alta de impostos em algumas horas", disse Reid em pronunciamento no Senado.

O Congresso norte-americano voltou aos trabalhos nesta segunda sem um acordo para evitar o "abismo fiscal" e com apenas algumas horas para agir se um entendimento surgir.

Negociações envolvendo o vice-presidente, Joe Biden, e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, parecem ser a última chance de evitar o aumento de impostos e grandes cortes de gastos no orçamento federal, ambos a serem postos em vigor no início do novo ano por causa de uma lei de redução do déficit promulgada em agosto de 2011.

As propostas democratas encontram oposição entre os membros do próprio partido. O senador Tom Harkin criticou, também nesta segunda, as concessões feitas pelo partido para conseguir um acordo.

"Se vamos ter algum acordo, tem que ser um que favoreça realmente a classe média. E como eu vejo isso se desenvolvendo, francamente, nenhum acordo é melhor que um acordo ruim", afirmou.

Mercados
A preocupação dos mercados financeiros também pode estimular ambos os lados a chegarem a um acordo, o que já ocorreu no passado.

"Eu acredito que os investidores mostrarão seu desprazer" com a falta de progresso em Washington, afirmou Mohannad Aama, diretor-gerente da Beam Capital Management, uma empresa de consultoria de investimentos em Nova York.

Líderes republicanos e democratas do Senado esperavam chegar a um acordo no domingo, mas ambos os lados ainda batem cabeça nas negociações.

O principal ponto de discussão entre os dois partidos é se o correto é estender as atuais taxas para todos, como querem os republicanos, ou apenas para quem ganha de US$ 250 mil a US$ 400 mil anuais, como propuseram os democratas.

Os republicanos também exigem maiores cortes do que os oferecidos pelo presidente Barack Obama.

Embora o Congresso tenha capacidade de agir rapidamente quando é preciso, os líderes da Câmara e do Senado terão pouco tempo no que deve ser um dia bastante complicado em caso de um acordo.

O presidente da Câmara, John Boehner, insistiu para que o Senado agisse primeiro, mas os senadores não começarão a legislar antes do meio-dia de segunda-feira.

Entenda o abismo fiscal
O chamado "abismo fiscal" consiste em um aumento automático de impostos e um corte do gasto público, que serão realizados caso não seja modificada a legislação atual. Esse "abismo" é resultado da aprovação pelo Congresso, em 2011, da ampliação do déficit fiscal do país em US$ 2,1 trilhões. À época, o endividamento chegara ao limite de US$ 14,3 trilhões, e o país corria o risco de dar "calote" caso o limite da dívida não fosse elevado. Mas, em troca, a medida exigia chegar a um acordo até o fim de 2012 para cortar US$ 1,2 trilhão em dez anos. Sem isso, o tal “sequestro automático” de gastos que vão impactar programas sociais e de defesa seria ativado.

Caso não haja acordo até o final desta segunda, na terça-feira as isenções fiscais para a maioria dos contribuintes, adotadas durante a presidência de George W. Bush expirarão e, além disso, entrarão em vigor drásticos cortes no gasto público.

CONSEQUÊNCIAS DO ABISMO FISCAL
Alta do desemprego: de 7,7% (em novembro) para 9% em 2013
Recessão: encolhimento de 0,5% no PIB em 2013
Principais cortes de verbas: programa de saúde do governo, o Medicare; auxílio-desemprego; e orçamento de defesa.
Incentivos tributários à beira de expirar: redução de alíquotas de imposto de renda e desonerações sobre contratações.
Para o Brasil: redução de exportações para os EUA, queda da Bovespa e desvalorização do dólar.


Os impostos de quase todos os contribuintes norte-americanos aumentarão 2.200 dólares, segundo a Casa Branca. Os cortes, consequência de um pacto entre democratas e republicanos em 2011, seriam sentidos, sobretudo, no orçamento de Defesa e poderiam derivar em numerosas demissões.

Os democratas defendem a aprovação de uma lei que estende as alíquotas baixas de imposto de renda para todos os cidadãos norte-americanos, exceto aqueles com uma renda familiar líquida acima de 250 mil dólares por ano.

Caso o Congresso não se pronuncie esta segunda, as alíquotas dos impostos para todos os americanos sofreriam uma forte alta, retornando a níveis pré-2001 e, dois dias depois, US$ 109 bilhões em cortes automáticos de gastos começariam a ter efeito. Juntos, os impostos mais altos e os gastos menores retirariam US$ 600 bilhões da economia dos EUA, podendo causar uma nova recessão em 2013.

Na quarta-feira, foi Boehner quem pediu que o Senado, controlado por democratas, aja primeiro para evitar o "abismo", se oferecendo a pelo menos considerar qualquer proposta produzida pelo Senado.

Reid respondeu ao republicano na quinta-feira, dizendo que o Senado já havia agido, e que a solução dos Democratas precisa do consentimento de Boehner e do líder republicano do Senado, Mitch McConnell.






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