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Internacional
Domingo - 15 de Janeiro de 2006 às 07:58

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Santiago do Chile - Os chilenos elegerão neste domingo um novo presidente, entre o candidato de direita Sebastián Piñera e a socialista Michelle Bachelet, favorita nas pesquisas. Esta será a primeira vez em 16 anos que a eleição de um presidente não esteve caracterizada pela polaridade entre ditadura e democracia, nem pela presença de Augusto Pinochet, totalmente ausente nestas eleições.

Segundo os analistas, o trabalho de propaganda feito pelos dois candidatos desde que foram divulgados os resultados do primeiro turno não provocou alterações drásticas na decisão de voto. Assim confirma a última pesquisa divulgada na quinta-feira pela empresa de consultoria internacional Mori, em que Bachelet tem 53% das intenções de voto, contra 47% de Piñera. No primeiro turno, realizado em 11 de dezembro, a ex-ministra da Defesa obteve 45,96% dos votos, contra 25,41% de Piñera. Na véspera do pleito, governo e oposição se atacaram no Chile.

Veja abaixo o perfil dos candidatos.



Piñera fez fortuna na ditadura Pinochet Piñera nasceu em 1949 e seu pai era um diplomata ligado à Democracia Cristã - uma das principais forças da coalizão Concertação, que apóia hoje Michelle. Um dos homens mais ricos do Chile, se define como um "humanista cristão". Para marcar suas diferenças com a atéia Bachelet, ressaltou sua prática católica em várias ocasiões durante a campanha.

Durante a ditadura de Pinochet, Piñera multiplicou sua fortuna, criando várias empresas e comprando outras. Foi o pioneiro no negócio de administração de cartões de crédito no Chile. Seu irmão, José, ministro de Pinochet, é considerado o pai do sistema privado de previdência instituído pela ditadura. Hoje, Piñera defende mudanças no sistema de aposentadoria. No plebiscito de 1988, defendeu o voto pelo "não" à continuidade de Pinochet no poder. Mas, contraditoriamente, na eleição do ano seguinte, foi o chefe da campanha do candidato pinochetista, Hernán Buchi.

Também em 1989, elegeu-se senador pela RN, no início de sua carreira política. Em 1992, quando se preparava para disputar a vaga de candidato à presidência por seu partido, foi forçado a desistir por questões éticas. Grampos telefônicos revelaram que ele planejara manobras para desacreditar seus rivais. Piñera estudou economia no Chile antes de mudar-se para os EUA, onde fez pós-graduação na Universidade de Harvard.

Mulher, socialista, atéia, separada quer ser presidente

Michelle está longe de ter o perfil ideal para a disputa de uma eleição no Chile. Mulher, separada, mãe de três filhos de pais diferentes e atéia, numa sociedade fortemente patriarcal, altamente conservadora e fervorosamente católica. A ditadura militar marcou profundamente sua história. Seu pai era brigadeiro da Força Aérea durante o governo de Salvador Allende. Após o golpe de 1973, ele foi preso e torturado, antes de morrer na prisão em conseqüência de problemas cardíacos. Ela e sua mãe também foram vítimas de tortura nos porões da temida Direção Nacional de Inteligência, a Dina, polícia política do regime. Após a morte do pai, ambas foram obrigadas a exilar-se.

Michele nasceu em 1951 e formou-se em medicina pela Universidade do Chile. Depois do fim do regime de Augusto Pinochet, voltou ao país e passou a militar em grupos de parentes de vítimas da ditadura. Nunca foi uma figura destacada do círculo decisório da Concertação.

Foi nomeada ministra da Saúde do governo de Ricardo Lagos depois de trabalhar em outras áreas do ministério. Fez pós-graduação em assuntos de defesa durante o exílio, na antiga Alemanha Oriental. Por conta disso, tornou-se ministra da Defesa depois de deixar o Ministério da Saúde deu início ao processo de modernização das Forças Armadas. Além do espanhol, fala inglês, francês e alemão.

É extremamente reservada quando se trata de sua vida privada e chega a se irritar com perguntas sobre sua família. Nas primárias da Concertação, derrotou uma das políticas favoritas para conseguir a candidatura à presidência, a ex-ministra democrata-cristã Soledad Alvear.




Fonte: Agência Estado

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