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Nacional
Sábado - 14 de Janeiro de 2006 às 07:49

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A entrada do Consulado da Alemanha no Rio de Janeiro foi palco de uma manifestação de representantes de entidades de defesa das tradições nordestinas no fim da manhã de hoje. Com faixas e cartazes e ao som de zabumba e sanfona, cerca de 20 pessoas da Cooperativa dos Comerciantes da Feira de Tradições Nordestinas do Campo de São Cristóvão (Coopcampo) ocuparam parte da calçada em frente ao consulado, no bairro de Laranjeiras, para protestar contra o registro da marca "rapadura" por uma empresa alemã.

Vestidos com roupas típicas da Região Nordeste, os manifestantes dançaram forró ao som da música "A Rapadura é Nossa", de Maria Nordestina, e cantaram o Hino Nacional no ritmo de baião. Os funcionários do consulado chegaram a ensaiar alguns passos de forró e experimentaram pedaços de rapadura distribuídos pelos manifestantes.

A patente impede que produtores brasileiros exportem o doce de cana-de-açúcar com a marca "rapadura" para os dois países sem pagar os direitos de comercialização da marca à Rapunzel, empresa alemã que patenteou a marca "rapadura" para o doce de cana-de-açúcar na Alemanha e nos Estados Unidos.

O presidente da Coopcampo, Agamenon de Almeida, disse que não entregou qualquer documento, mas que conversou com o encarregado de assuntos comerciais do consulado, Klaus Müeller, sobre a indignação dos nordestinos com a atitude da empresa alemã Rapunzel, que patentear a marca "rapadura", um produto genuinamente nacional e ligado à cultura nordestina, na Alemanha e nos Estados Unidos. "Eu perguntei para ele se achava correto os brasileiros patentearem o chucrute. Ele respondeu que não".

Agamenon disse que a manifestação teve apenas a intenção de chamar a atenção das autoridades do governo alemão para o problema. Ele informou que enviou cartas ao presidente Lula e aos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Cultura, Gilberto Gil, pedindo que o governo brasileiro adote providências junto às autoridades alemãs para o cancelamento do registro da patente da marca rapadura.

Há várias versões históricas para o surgimento da rapadura. A mais conhecida é a de que produtores de açúcar encontraram no formato de barra uma alternativa para armazenar e enviar o produto de navio para a Europa.

Não é a primeira vez que um produto tipicamente brasileiro é patenteado por empresas estrangeiras. No ano passado, uma companhia japonesa patenteou a marca "cupuaçu", uma fruta de origem amazônica. Após protestos e apelo de autoridades brasileiras, o governo japonês cancelou o registro.




Fonte: Agência Brasil

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