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Nacional
Sexta - 13 de Janeiro de 2006 às 19:17

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São Paulo - Chico César abre e encerra o show que estréia hoje no Sesc Vila Mariana com dois temas inéditos. O primeiro é o aboio Desejo e Necessidade; o último é o frevo instrumental Solto na Buraqueira. O contraste entre os gêneros das duas composições dá bem a medida de como o roteiro avança. “Na primeira parte, desde o chamamento até a 11ª música, todos os andamentos são lentos. É um clima mais de outono. A segunda é o verão, olhando para o Nordeste, com frevo, coco, baião, carimbó”, explica Chico.

Na metade inicial, que ele define como “lunar”, o compositor paraibano privilegia as belas e melancólicas canções do novo CD, De Uns Tempos pra cá, que dá nome ao show, como Alcaçuz, pra Cinema e 1 Valsa p/ 3. Pretexto para mostrar uma faceta menos associada ao calor nordestino, mas que também faz parte da tradição e está entre suas fontes, como o baiano Elomar. “São veios da música brasileira que nada têm a ver com bossa nova ou tropicalismo, mas que são muito brasileiros, têm a alma deles”, enfatiza. Ele próprio, com De Uns Tempos pra cá, reconhecidamente seu disco de qualidade artística superior, quebrou expectativas, migrando de uma área mais pop para um ambiente de maior introspecção. “Gosto do paladar diferenciado que corre no paralelo, como o trabalho de Mônica Salmaso, de Renato Braz, que tem um público grande em Natal, de Zizi Possi quando rompeu com o pop e fez o disco Sobre Todas as Coisas. Dialogar com esses artistas funciona como estímulo para mim.”

Na segunda parte, “solar”, entram sucessos dançantes, como Pedra de Responsa e Mama África. Das três regravações do CD, migraram para o show Outono aqui (versão de Autumn Leaves) e Cálice (Gilberto Gil/Chico Buarque). O samba irônico A Nível de... (João Bosco/Aldir Blanc) ficou para outro momento.

Os arranjos e acompanhamentos são do Quinteto da Paraíba, que confere sofisticação e perfil camerístico às canções. “A parte mais animada do show vem do repertório deles, que estão gravando um disco só com músicas minhas e de Lenine”, revela Chico. Juntam-se a eles a percussionista Simone Soul e a flautista Simone Julian.

Entre as músicas Chico diz versos que são como extensões das letras que canta. São trechos extraídos de um único poema de 141 estrofes escrito por ele em 1993 e publicado no ano passado em livro sob o título Cantáteis: Cantos Elegíacos do Amozade (Editora Garamond). A elegia amorosa foi escrita para Tata Fernandes, amiga e parceira em diversas canções que também foi sua namorada. “Amozade” é um termo híbrido para definir a ambigüidade entre amor e amizade, tema da canção Por Que Você não Vem Morar Comigo?.

Hoje é a estréia oficial da turnê, que Chico pretende levar para vários recantos do País. Duas prévias foram realizadas em dezembro, no 6º Mercado Cultural, em Salvador, e no réveillon em João Pessoa. O primeiro teste, em Salvador, foi um teste de surpreendente sucesso entre mais de 2 mil pessoas num espaço ao ar livre (a Concha Acústica), num show que deixou muita gente pedindo mais.

Chico não incluiu, de propósito, os hits do novo CD, a dançante Orangotanga e a brega romântica Por Que Você não Vem Morar Comigo?. “A reação do público me deixou muito satisfeito. O verão chegando à Bahia e as pessoas ali ouvindo atentas a um monte de músicas novas e lentas. Decidimos ser coerentes com o que o Mercado Cultural propõe: buscar o mérito da qualidade e não a comunicação fácil. Pra mim, isso é um termômetro do gosto musical do Brasil.” Serviço

Chico César e Quinteto da Paraíba. Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, tel. 5080-3000. Hoje(13) e amanhã, 21h; dom., 18h. R$ 7,50 a R$ 20





Fonte: Agência Estado

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