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Sexta - 13 de Janeiro de 2006 às 15:24

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São Paulo - Não existe exemplar mais ípico do “cinema americano de qualidade” do que este Tudo em Família, de Thomas Bezucha. Vamos explicar. Eles ganham um monte de dinheiro com filmes de mentalidade adolescente, com os quais preenchem seu mercado interno e entopem os do resto do mundo. Mas, na hora do vamos ver, nem mesmo a elite da indústria leva a sério esse tipo de filmes, conduzidos mais pelos efeitos especiais do que por um enredo inteligente, sensível e interpretado por atores de verdade. Aliás, os protagonistas dos arrasa-quarteirões hoje são digitais. E assim, por um efeito de compensação, aparecem filmes como Tudo em Família, com bons atores, bom texto, e, sobretudo, boas intenções.

Pois é dessa qualidade que se trata nessa comédia romântica com pingos de drama. Além da mistura de gêneros, ele conta com uma atriz tão querida como Diane Keaton, e outra tão cult como Sarah Jessica Parker. Sarah faz Meredith, um poço de rigidez em forma de executiva bem-sucedida, que se torna noiva de Evereth, o filho mais velho da família Stone. Ele leva a noiva para passar as festas de fim de ano na casa da matriarca e futura sogra, Sybil Stone (Diane Keaton). Temos aqui o desfile habitual de protótipos, numa trama de armação teatral. A mulher rígida versus a mulher flexível. As peripécias amorosas que correm ao lado ou sob a superfície de uma reunião familiar. Um drama que ninguém espera e vai explodir em meio à trama romântica. Os elementos politicamente obrigatórios, como a presença gay e de personagens negros. Enfim, o coquetel de qualidades que compõem a América tolerante, crítica, saudável, que não votou em Bush e sabe que existe um mundo lá fora, talvez habitado por seres humanos dignos de atenção.

Até por isso o filme não deixa de ser simpático, embora caia muito pela previsibilidade. Eleita como bode expiatório, Meredith, a personagem de Sarah Jessica Parker, será a única a apresentar uma curva dramática perceptível. E mesmo esta é abrupta demais e resolvida de modo artificial. Não convence.

Enfim, Tudo em Família, apesar da roupagem “artística” nunca alça vôo ou vai além do convencional. É apenas mais um filme sobre as reuniões familiares, nas quais se ajustam contas pendentes e no fim tudo se resolve. Um dia, um diretor chamado Mario Monicelli andou por esse terreno e fez um filme chamado Parente É Serpente. Veneno puro. Mas Monicelli é de outro departamento. De uma cultura mais antiga, digamos assim.

Tudo em Família (The Family Stone, EUA/2005, 102 min.). Romance. Dir. Thomas Bezucha. 12 anos. Em grande circuito. Cotação: Regular





Fonte: Agência Estado

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