Quando se pensa em milho se pensa nos Estados Unidos. Os norte-americanos colheram nesta safra 270 milhões de toneladas, bem mais do que toda safra brasileira de grãos, mas apesar de grandiosa, era para a produção ter sido muito maior. O clima destruiu 100 milhões de toneladas de milho.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos foi a pior seca desde 1956. 60% do território foi afetado. Por toda a parte há terra seca, plantações destruídas, reservatórios vazios e grandes incêndios florestais.
O Globo Rural visitou fazendas em Indiana, um dos estados mais atingidos. Em Remington, o agricultor Bruce Waibel conta que esperava colher 13 mil quilos por hectare, mas só conseguiu oito.
Os efeitos da seca atingiram em cheio o prédio no coração de Chicago onde funciona a Bolsa, em operação desde 1898. Os painéis mostram o preço de cada produto e são atualizados segundo a segundo. O que é decidido por lá mexe com o bolso e com a vida das pessoas ao redor do mundo.
Fred Seamon é diretor de desenvolvimento da Bolsa Mercantil de Chicago. Ele explica que por causa da seca, faltou milho no mercado e a pouca oferta trouxe uma palavrinha que traz dor de cabeça para os economistas e produtores: volatilidade.
Para se ter uma ideia da evolução dos preços, hoje o milho vale 17% mais do que custava nesta mesma época no ano passado. Na soja, a valorização é ainda maior: 20% em um ano.
Apesar da seca, quem investiu na soja se deu muito bem. A quebra na safra foi de apenas 5% e a alta nos preços compensou.
Na época da colheita, visitamos uma das maiores fazendas do país, em Hartford City, onde choveu bem e a produção do agricultor Jim Kline foi 10% maior que a do ano anterior. Como os preços dispararam, o lucro foi recorde.
O analista de mercado brasileiro Pedro Dejneka trabalha nos Estados Unidos há 16 anos e conhece o mercado como poucos. Ele avisa que em 2013, se o clima não ajudar, os preços podem subir ainda mais e por isso mesmo, o mundo inteiro está de olho no Brasil.
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