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Internacional
Quarta - 11 de Janeiro de 2006 às 08:51

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O projeto americano de construção de novos muros na fronteira com o México e de criminalização da imigração ilegal não interromperá o fluxo de ilegais no país, mas tornará mais lucrativo o "negócio" dos traficantes de pessoas, disseram à EFE especialistas no assunto.

O Congresso dos Estados Unidos estuda diversas iniciativas para tentar conter a passagem de milhares de latino-americanos que a cada ano arriscam a vida ao longo dos 3.200 quilômetros da fronteira com o México para tentar uma vida melhor em território americano.

Ao projeto para construir mais cercas na fronteira, soma-se o reforço da vigilância no local anunciado pelo Governo, em meio à luta global antiterrorismo impulsionada pela Casa Branca, e os temores de alguns mexicanos de que os EUA coloquem em andamento uma política de "atirar para matar" contra os imigrantes.

"A construção de mais muros e a criminalização dos ilegais não conseguirá frear nem dissuadir sua entrada, mas tornará mais lucrativo o negócio dos traficantes de pessoas (''coiotes'')", disse à EFE o investigador mexicano Mauro Fernández, especialista em assuntos fronteiriços.

Fernández acrescentou que "o tráfico de pessoas se tornará mais lucrativo e perigoso à medida que se tornar ilegal e perseguido, tal como ocorre com o contrabando de drogas". "Os únicos a se beneficiarem com estas medidas serão os coiotes", completou.

Fernández assegurou que a construção de um muro próximo à zona fronteiriça dos EUA, próximo às cidades mexicanas de Mexicali e Tijuana, no estado da Baja Califórnia, levou os traficantes a buscarem rotas alternativas e métodos ainda mais sofisticados para conduzirem os imigrantes ilegais ao país vizinho.

"Sabemos que os ''coiotes'' pagam subornos, cavam túneis e apelam para porta-malas de automóveis e rotas marítimas para conseguirem o seu objetivo, e que cada vez cobram mais por isso", disse o pesquisador.

Calcula-se que os "coiotes" cobram de US$ 1 mil a US$ 3 mil para "ajudar" os ilegais latino-americanos a atravessarem a fronteira rumo aos EUA, e que estão dispostos a multiplicar por quatro sua "tarifa" caso a situação "se complique" na fronteira, avaliou.

O analista Juan Pablo Morales declarou à EFE que "a história da imigração entre Tijuana e San Diego (EUA) demonstra que os ''coiotes'' sempre apelaram para ações coercitivas para fazer sua própria vontade, e obtêm cada vez mais lucro".

"Acho que é preciso enfrentar o problema migratório com um enfoque integral de desenvolvimento sócio-econômico e cooperação política, e não tanto com ação policial, porque estará condenada ao fracasso, assim como no combate ao narcotráfico", afirmou Morales.

Guiados pelos "coiotes", os imigrantes apelam para rotas marítimas e tentam passar por perigosas montanhas e zonas desérticas para tentar chegar aos EUA do estado mexicano de Baja Califórnia.

Pela manhã ou no fim de tarde é comum ver ilegais procedentes de diversas regiões da América Latina nadando pelo mar ou cruzando a fronteira americana pela colina de Tijuana e o deserto de Mexicali.

Muitos dos que conseguem atravessar a divisa são interceptados pelos guardas da Patrulha Fronteiriça e pelos agentes dos EUA.

Um dos oficiais é acusado de participar na morte a tiros, no último dia 30 de dezembro, do mexicano Guillermo Martínez, na fronteira entre o estado da Califórnia (EUA) e de Baja Califórnia.

A morte de Martínez provocou reações no Governo do presidente mexicano, Vicente Fox, que pede à Casa Branca uma política migratória "que permita o fluxo legal, ordenado e que respeite os direitos humanos".




Fonte: EFE

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