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Internacional
Quarta - 11 de Janeiro de 2006 às 05:30

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O Chile deve eleger no domingo sua primeira mulher para a presidência, mas homens e mulheres ainda votam em seções completamente separadas. O sistema é considerado antiquado e deve ser abolido em breve.

A tradição das urnas segregadas remonta à introdução do sufrágio feminino, em 1935, mas há um projeto no Congresso que altera esse sistema e facilita o alistamento eleitoral. "Parece realmente antiquado. Esses tempos passaram. É inacreditável que um país tão moderno quanto o Chile mantenha um costume que pareça tão machista", disse a psicóloga Natalia Alvarez, 26 anos, enquanto comprava um jornal.

Com um nível de pobreza relativamente baixo, quase sem corrupção e com boa infra-estrutura, o Chile é um dos países mais desenvolvidos da América Latina. Mas, até bem recentemente, era considerado também uma das sociedades mais conservadoras da região. Contudo, as atitudes diante do controle da natalidade, do divórcio, da homossexualidade e da religião estão flagrantemente mais liberais nos últimos anos.

O Chile é o único país latino-americano que mantém seções separadas para homens e mulheres. Na Argentina e no Equador, há mesas separadas segundo o sexo, mas nas mesmas seções. "Estamos acostumados e, além disso, é mais organizado votar assim: mulher com mulher e homem com homem", disse Sergio Gonzalez, 47 anos.

Para Juan Ignacio García, diretor do Serviço Eleitoral chileno, a separação entre os gêneros "parecia lógica naquele momento 1935 e continuou como um costume, não há outra razão." "Estamos a apenas um passo da mudança", disse García. Segundo ele, em 2008 as seções eleitorais já serão mistas, caso o Congresso aprove o projeto que está há um ano na comissão parlamentar correspondente.

Discriminação

Rolando Jimenez, presidente do Movimento de Integração e Libertação Homossexual, principal entidade do setor no país, disse que a votação segredada discrimina os transexuais, que muitas vezes evitam o alistamento eleitoral para não passaram constrangimentos nas seções.

"Este é um país que ainda possui fortes níveis de homofobia e isso causa problemas quando as pessoas que são biologicamente homens, mas parecem mulheres, vão a locais de votação masculinos. A vasta maioria não se alista, então não exerce seu direito ao voto, enquanto aqueles que se alistam para votar são ridicularizados por outros eleitores", disse Jimenez.

Favorita

A socialista Michelle Bachelet, ex-ministra da Defesa, é favorita para se tornar a quarta mulher eleita presidente na América Latina. Se confirmado o resultado, será também o quarto mandato consecutivo para a Concertación, uma coalizão de centro-esquerda.

No segundo turno de votação, Bachelet enfrenta o empresário Sebastián Piñera, ex-senador de centro-direita e um dos homens mais ricos do país. Uma pesquisa na semana passada deu a ela 41% das intenções de voto, contra 30% para Piñera. Outros 29% se disseram indecisos ou não responderam. São 8,2 milhões de eleitores, sendo 52 por cento mulheres.




Fonte: Reuters

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