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Internacional
Terça - 10 de Janeiro de 2006 às 23:59

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O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, começou a respirar por conta própria e se movimentou ligeiramente na segunda-feira, mas continua em estado crítico no momento em que os médicos começam a retirar a sedação para avaliar os danos provocados pelo acidente vascular cerebral da semana passada. O diretor do hospital Hadassah, Shlomo Mor-Yosef, disse que, embora as reações de Sharon sejam "cada vez mais significativas" conforme a sedação diminui, ele continua inconsciente, sob coma induzido.

"Não podemos dizer que ele está fora de perigo", disse o cirurgião Felix Umansky aos jornalistas, acrescentando que Sharon não abriu os olhos nos cinco dias desde que sofreu o derrame.

Mas muitos israelenses ficaram animados com as notícias de segunda-feira sobre o político, de 77 anos, que é considerado por grande parte da população a única esperança de encerrar o conflito com os palestinos.

Duas crianças foram com um tio ao hospital para deixar um cartaz no qual se lia: "Ariel Sharon, por favor acorde."

"Ele ainda está conectado aos respiradores que o ajudam, mas o primeiro-ministro está respirando espontaneamente", disse Mor-Yosef. "Este é o primeiro sinal de algum tipo de atividade no seu cérebro."

Posteriormente, o médico disse que Sharon reagiu a estímulos à dor, levantando o braço e a perna direitos. Novos exames devem ocorrer nos próximos dias.

O processo de retirar Sharon da sedação é importante para avaliar até que ponto suas faculdades foram afetadas e suas chances de sobrevivência. Mas especialistas dizem que não há garantia de que ele saia da anestesia.

Os médicos de Sharon dizem que há boas chances de que ele sobreviva, mas é consenso que ele não terá condições de retomar a carreira política, uma arena que ele dominou como ninguém desde David Ben-Gurion, primeiro-ministro na época da criação de Israel.

A perda de Sharon, que despertou expectativas de paz ao retirar colonos e soldados da Faixa de Gaza em setembro, após 38 anos de ocupação, cria um vazio no processo de paz do Oriente Médio.

Sharon está sendo mantido em coma desde quarta-feira, quando sofreu uma cirurgia para conter a hemorragia cerebral. Se, após os exames, os médicos declararem que Sharon está incapacitado, entregarão um laudo ao procurador-geral de Israel. O gabinete então terá de escolher um novo primeiro-ministro entre os ministros do novo partido de Sharon, o Kadima, que também sejam parlamentares.

O vice de Sharon, Ehud Olmert, que já ocupa o cargo interinamente, deve manter-se à frente do governo até as eleições de 28 de março.

Na reunião ministerial de domingo, transmitida pela TV, Olmert tentou passar um clima de normalidade. O mesmo tom dominou a entrevista coletiva subseqüente, na qual ele prometeu manter a estabilidade econômica.

Sentando-se ao lado da cadeira reservada a Sharon no gabinete, Olmert prometeu "gerir os assuntos como ele desejaria". Os políticos israelenses, normalmente ávidos por polêmicas, vêm observando uma moratória nas suas disputas.

Líderes mundiais prometeram apoio a Olmert, de 60 anos, que já foi prefeito de Jerusalém.

Sharon é odiado no mundo árabe, mas cada vez mais considerado no Ocidente o responsável por novas perspectivas de paz. Ele sofreu o derrame num momento crucial, quando fazia campanha pela reeleição com promessas de acabar o conflito com os palestinos.

O primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, estimou melhoras a Sharon. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse a jornalistas que não deve haver grande impacto no processo de paz.

"Não acho que haja uma mudança drástica na política israelense exceto pela mudança de pessoa", afirmou.

Mas, refletindo a antipatia contra Sharon após cinco anos de rebelião, dezenas de militantes palestinos saíram às ruas da cidade de Gaza gritando "morte a Sharon" e queimando uma foto dele.

Analistas dizem que a eleição israelense de março, na qual Sharon era franco favorito, agora se torna uma incógnita sem ele. Mas a pesquisa realizada por um canal de TV mostrou Olmert na frente como candidato do partido Kadima, superando Benjamin Netanyahu, do Likud.




Fonte: Reuters

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