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Internacional
Terça - 10 de Janeiro de 2006 às 23:05

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Árabes sunitas do Iraque qualificaram na segunda-feira de "pecaminoso" o ataque norte-americano a uma mesquita e disseram que o incidente vai piorar seu relacionamento com as tropas de ocupação. A ONU também criticou a operação militar ocorrida no domingo.

Partidos sunitas disseram que a ocupação da sede da influente Associação dos Clérigos Muçulmanos tinha o clero por objetivo e violou um lugar de culto.

Testemunhas disseram que os soldados norte-americanos desceram dos helicópteros escorregando por cordas, enquanto outros militares invadiam o terreno da mesquita por terra, arrancando portas e devassando os escritórios, a apenas dois dias do Eid Al Adha, uma das principais datas do calendário islâmico.

O gabinete do representante especial da ONU no Iraque, Ashraf Qazi, divulgou nota "lamentando o incidente na mesquita Umm Al Qora" e "salientou a importância de que todas as partes respeitem a santidade de lugares santos e locais de culto".

O incidente pode prejudicar o esforço norte-americano de atrair os sunitas para o processo político e afastá-los da insurgência.

"Foi um ato direto e deliberado contra os sunitas. É um ataque. Só vai piorar a relação com eles [EUA]", disse Abdul Hadi Al Zubeidi, dirigente da coalizão Reunião Sunita, à Reuters.

A nota da ONU diz que o ataque "deve servir de lembrete da necessidade de evitar a violência e construir a confiança mútua a fim de apoiar um processo de paz totalmente inclusivo".

Os militares disseram que a ação foi feita por causa de denúncias de que haveria uma "substancial atividade terrorista" no local. Eles garantiram que os soldados se comportaram de forma respeitosa. Seis pessoas foram presas.

A Frente de Coordenação Sunita, principal coalizão desse grupo, convocou seus seguidores a se reunirem na terça-feira na mesquita para protestarem.

A ocupação ocorreu no mesmo dia em que um dos líderes da coalizão, Adnan Al Dulaimi, discutiu com o presidente Jalal Talabani a formação de um novo governo que inclua sunitas, curdos e a maioria xiita.

Na noite de domingo, a Frente de Coordenação Sunita divulgou nota exigindo a libertação dos seis presos da operação e pedindo aos EUA que "respeitem os lugares de culto e o clero religioso e que isso nunca mais se repita no futuro".

O Partido Islâmico do Iraque, parte do principal bloco sunita, qualificou a ação de "ato irresponsável contra o clero e uma grave violação dos direitos humanos e de um local de culto".

A Associação de Clérigos Muçulmanos é um importante grupo de acadêmicos sunitas, muito influente especialmente na província de Anbar, reduto da insurgência. Seus líderes pedem a saída das forças norte-americanas do Iraque.




Fonte: Reuters

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