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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 10 de Janeiro de 2006 às 17:32

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Mehmet Ali Agca, o cidadão turco que em 1981 tentou matar o papa João Paulo II, pode sair em liberdade condicional na quinta-feira se a família do jornalista que Agca assassinou dois anos antes em Ancara não impedir.

Agca, de 48 anos, pode se beneficiar de uma lei de anistia aprovada anos atrás que permitiria reduzir drasticamente a prisão perpétua a que foi condenado na Turquia há 25 anos pelo assassinato de Abdi Ipekci, diretor do prestigiado jornal esquerdista Milliyet.

Logo após saber desta notícia, divulgada no domingo, véspera de seu aniversário, o extremista de esquerda turco expressou sua alegria, deu a entender que já tinha cumprido sua pena e insistiu em seu desejo de iniciar uma nova vida.

Agca foi condenado à prisão perpétua na Itália, foi perdoado posteriormente e voltou à Turquia há cinco anos, período em que permaneceu na prisão em cumprimento da condenação à prisão perpétua pela morte do jornalista.

"Chegou a hora da liberdade. Não tenho intenção de entrar na política", assegurou em entrevista à televisão turca NTV-Turk.

Agca revelou a possibilidade de se casar com Rabia Ozden, uma mulher que não conhecia, mas que durante estes anos na prisão o visitou com regularidade. Sua libertação não significaria sua liberdade total, já que ainda tem uma conta pendente com o Governo turco: cumprir o serviço militar.

Se libertado, o primeiro destino de Agca deve ser o hospital militar "Gatuna Haydar Pacha Egitim", de Ancara, onde teria que se submeter ao exame médico feito por todos os que devem se apresentar às Forças Armadas.

Segundo Mustafa Demir, seu advogado, Agca expressou sua satisfação pela declaração do Vaticano de apoiar a decisão que a Justiça turca adotar e se mostrou disposto a cumprir com suas obrigações nas Forças Armadas.

"Agca me disse que, como todo cidadão turco, terá prazer de cumprir o serviço militar", assegurou Demir, citado nesta terça-feira pela imprensa local.

No entanto, suas boas intenções e o saldo das contas pendentes poderiam não ter resultado algum se for adiante a intenção da família de Ipecki de bloquear o indulto na Justiça local e até mesmo de apelar ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

"Nós nos opomos ao desejo de libertá-lo. Não é correto deixar que um homem que matou uma pessoa fique livre cinco anos depois. Ele ficou 20 anos na prisão na Itália por ferir uma pessoa", explicou o advogado da família, Turgac Kazan, em comunicado à imprensa.

"Como advogado, me sinto envergonhado. É uma decisão que atenta contra a lei. De acordo com as leis, ele não pode ser libertado antes de dez anos, e só se passaram cinco. Estamos analisando a possibilidade de apelar ao Tribunal Europeu", indicou.

Agca disparou contra João Paulo II em 13 de maio de 1981 na praça de São Pedro, em Roma, e foi condenado à prisão perpétua na Itália por este crime. As circunstâncias do atentado, de que Agca é o único autor confesso, ainda são um grande mistério.

O próprio agressor chegou a revelar que tinha contado com cúmplices no interior do Vaticano, enquanto que a teoria mais difundida indica que ele era um agente recrutado pelos antigos serviços secretos soviéticos.

O pontífice perdoou Agca em 1983 ao visitá-lo na prisão romana de Rebbibia e após revelar que o Terceiro Segredo de Fátima se referia a este ataque.

Após permanecer quase 20 anos na prisão, Agca foi indultado e extraditado à Turquia em junho de 2000. Em seu país, ele ainda devia responder pelo assassinato de Ipecki, em 1979.

Naquela época, Agca era um jovem de apenas 20 anos com um crime de roubo à mão armada reivindicado pela organização de extrema esquerda turca "Lobos Cinzas", que o ajudou a escapar quando foi condenado pelo assassinato do jornalista.




Fonte: EFE

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