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Internacional
Terça - 10 de Janeiro de 2006 às 17:29

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A detenção de um professor universitário e de sua esposa, americanos de origem cubana acusados em Miami de atuarem como espiões a serviço do castrismo, promoveu intenso debate entre grupos de exilados e organizações humanitárias da ilha. Carlos Álvarez, de 61 anos, professor de Psicologia da Universidade Internacional da Flórida (FIU, na sigla em inglês), e sua esposa, Elsa Prieto Álvarez, de 55, também funcionária do centro universitário, foram cooptados pelo regime do presidente Fidel Castro há mais de 30 anos, segundo a Promotoria.

O casal foi levado ontem à prisão, depois de o juiz responsável pelo caso em Miami ter rejeitado a concessão de liberdade provisória ao casal de supostos agentes secretos a serviço do Governo cubano.

O professor era um dos promotores do chamado "intercâmbio acadêmico", participou do "Diálogo de 1978" em Havana e foi membro do comitê executivo do Instituto de Estudos Cubanos (IEC). Álvarez é também doutor em Psicologia Clínica e professor associado do Departamento de Estudos de Política Educacional.

Sua esposa é psicoterapeuta, especializada em tratamento de grupo e coordenadora de programas de capacitação na área social.

No processo de busca e apreensão realizado na residência do casal, que tem cinco filhos, as autoridades encontraram materiais utilizados para atividades de espionagem.

Autoridades cubanas e meios de comunicação oficiais não comentaram o caso até o momento.

"É lamentável que (Álvarez) utilize uma universidade pública como plataforma de ajuda a um Governo inimigo dos Estados Unidos", disse à EFE Ninoska Pérez Castellón, diretora do Conselho pela Liberdade de Cuba, uma das principais organizações de debate sobre o exílio.

Álvarez "tratava em suas conferências de desqualificar e desacreditar o exílio, apresentando-o como uma sociedade traumatizada", acrescentou.

Segundo os documentos judiciais apresentados ao tribunal, Álvarez é acusado de ser agente dos serviços de segurança cubanos desde 1977, e sua esposa desde 1982.

De acordo com o fiscal Brian Frazier, o casal reconheceu seu "trabalho como espião" em 2005. Caso sejam declarados culpados, poderiam ser condenados a uma pena de até dez anos de prisão e ao pagamento de US$ 250 mil de multa.

Em declarações à EFE, Dulce Negret, ligada à família Álvarez, se mostrou perplexa e desiludida diante das acusações de espionagem.

"Sinto uma grande dor por ter dado minha confiança a pessoas cristãs que nos traíram", comentou Negret. "Foi traumático para a comunidade cubana. Eles faziam parte do grupo Casamentos Vitoriosos, dedicado a ajudar casais com problemas de convivência", completou.

No entanto, José Basulto, diretor da organização Irmãos ao Resgate, se mostra convencido de que "na universidade há mais espiões". "É um fenômeno endêmico. O Governo de Cuba infiltrou uma rede de espiões que pode fazer muito dano aos EUA", acrescentou.

Em 2001, cinco cubanos foram acusados em um tribunal de Miami de integrarem a rede de espionagem "Vespa", que foi desmantelada em 1998 no sul da Flórida. O caso dos cinco espiões castristas, considerados "heróis" em seu país, foi revisado no ano passado e um tribunal de apelações ordenou a realização de um novo julgamento.

Outros casos que impressionaram no exílio cubano no sul da Flórida corresponderam às prisões de Mariano Faget, funcionário do Serviço de Imigração, em 2000, e de Ana Belén Montes, analista militar no Pentágono, em 2002.





Fonte: EFE

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