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Internacional
Terça - 10 de Janeiro de 2006 às 15:29

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A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revelou hoje que o Irã tem planos para produzir urânio enriquecido com "fins científicos" na usina nuclear de Natanz, o que contradiz afirmações anteriores de Teerã.

O diretor-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, informou ao Conselho de Governadores do organismo sobre as intenções de Teerã, pouco após técnicos iranianos começarem a retirar os lacres da ONU em várias instalações nucleares.

O Irã tinha assegurado que não enriqueceria urânio ao retomar seu programa de pesquisa nuclear, material muito sensível devido a seu uso militar e civil, por isso o Conselho pediu a Teerã que suspenda essas atividades até que sejam esclarecidos todos os detalhes de seu programa atômico.

Segundo um comunicado da AIEA, o Irã começou a retirar os lacres da ONU de instalações e de materiais na central de enriquecimento de urânio em Natanz, no centro do país.

Além disso, Teerã começou a retirada dos selos em outras duas instalações de pesquisa e armazenamento nuclear, chamadas de "Pars Trash" e "Farayand Technique", processo que durará até amanhã.

Segundo a AIEA, estes lacres selavam componentes de centrífugas do tipo P-1 (Paquistão 1), vários aços e alumínios especiais, outros equipamentos de controle de qualidade, assim como em Natanz dois contêineres com hexafluoreto de urânio (UF6), um gás precursor usado para enriquecer urânio.

Também estavam selados os equipamentos da chamada "Central Piloto de Enriquecimento" em Natanz. Segundo as autoridades do Irã, suas atividades de pesquisa e desenvolvimento (I+D) nesta central serão "de pequenas dimensões".

Teerã planeja instalar "uma pequena cascata de centrífugas na central". "Durante os trabalhos de I+D, o gás UF6 será introduzido nestas centrífugas para fins científicos", informou El Baradei aos 35 países-membros do Conselho de Governadores.

O responsável da AIEA assegura no comunicado que o pavilhão com as cascatas e a introdução do UF6 na central de Natanz serão vigiados pelo organismo.

El Baradei expressa sua "séria preocupação" com a decisão do Irã de retomar suas atividades relacionadas com o enriquecimento de urânio, exigida pelo Conselho de Governadores em várias resoluções.

El Baradei lembra que, apesar de o programa nuclear iraniano ter sido estudado há três anos, "muitos assuntos importantes sobre seu alcance e sua natureza continuam em aberto", já que Teerã não oferece "plena transparência".

Segundo El Baradei, "manter as atividades suspensas, retomar o diálogo com todas as partes envolvidas e fornecer a necessária cooperação e transparência à AIEA são as condições para uma solução ampla e equitativa que garanta ao Irã seu direito de ter acesso à tecnologia nuclear para fins pacíficos".

Qualquer país membro do Conselho poderia convocar agora uma reunião urgente da executiva do organismo para denunciar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU, que tem os poderes para ditar sanções contra Teerã.

Segundo a União Européia, o Irã violou com a ruptura dos lacres e o anúncio de enriquecer urânio o chamado "Acordo de Paris", que previa um congelamento destas atividades em troca de solucionar esta crise sem levar o caso ao Conselho de Segurança.

Os Estados Unidos e a UE suspeitam que o Irã quer produzir armas nucleares, algo que Teerã nega ao assegurar que só quer produzir energia elétrica com seu programa nuclear.





Fonte: Terra

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