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Cidades/Geral
Segunda - 09 de Janeiro de 2006 às 09:10

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A falta de ação do governo do estado fez com que um grupo de fazendeiros e empresários organizassem um mutirão para recuperar alguns pontos críticos que estão dificultando o tráfego na MT 208 que dá acesso a municípios como Nova Monte Verde, Nova Bandeirantes, Apiacás.

Um dos líderes do mutirão, o fazendeiro Toninho Casari, lamentou profundamente que o governo esteja tão ausente da região. Segundo seus cálculos, o custo da recuperação de dois atoleiros no trecho vai passar de 20 mil reais. A ação está sendo possível com a participação do frigorífico, do leiloeiro ‘Mandioca’, da Lance Livre Leilões, além dos pecuaristas ao longo da rodovia. Após conversa entre o Mandioca e o vereador Francisco Militão, a prefeitura de Alta Floresta cedeu um patrol para atuar no mutirão. Todo o combustível é bancado pelos pecuaristas.

“Faz dois anos que o governo não faz nada por aqui, só se for na região de Cuiabá, porque aqui mesmo, nada”, sentencia. Casari lamentou que o Fethab arrecadado dos pecuaristas e madeireiros, não retorna com benfeitorias e é nesta época do ano que as coisas pioram.

O trecho entre Alta Floresta e Nova Bandeirantes, que geralmente era completado em 5 ou 6 horas, não é feito em menos de dois dias, isso se o tempo estiver ‘seco’. Há inúmeros atoleiros na estrada. Tem caminhoneiro que chega a ficar até 10 dias na estrada, o que torna a viagem uma verdadeira ‘aventura’.

A maior parte da estrada não está tão ‘castigada’, mas os motoristas não sabem ao certo quanto tempo ela irá ‘aguentar’, já que, segundo relatos dos fazendeiros, há muito tempo que esta estrada não recebe uma recuperação bem feita. Logo no início do trecho de terras da 208, numa extensão de cerca de 12 km, a estrada é trafegável, por conta da base que foi feita no início de 2005 com a promessa de receber asfalta ainda no ano passado.

No entanto, logo no final do trecho, o motorista tem de enfrentar o primeiro atoleiro. Quando nossa equipe passou, com o tempo seco, foi possível passar sem problemas. A estrada continua trafegável até o local conhecido como ‘10’, onde os caminhoneiros enfrentam os maiores problemas. O trecho ficou ‘interditado’ por 8 dias e continuaria assim não fosse pela ação dos pecuaristas que, em um dia de trabalho, conseguiram ‘liberar’ mais de quarenta carretas.

O ‘Gaiteiro’, um caminhoneiro que conhece bem a estrada, estava preocupado. Já fazia oito dias que ele tinha saído, com toda sua família, de Nova Bandeirantes e já estava faltando alimentação para seus filhos. Revoltado, ele não poupou críticas aos governantes cobrando inclusive das lideranças locais um posicionamento quanto às reivindicações junto ao governo matogrossense. “Alguém que tem o poder em Alta Floresta poderia dar toque no governo, falar que o trem tá crítico e mandar alguém pra ver, porque a gente só está sofrendo, ninguém toma providencia.

O pessoal de Alta Floresta que quer ser grande coisa não tá fazendo nada pra nós. Eles podem tomar providências e falar pro homem lá que o trem tá feio aqui”, desabafa. “Se não tomar providências nós estamos lascados, temos contas pra pagar e como é que faz?”, pergunta. “Tô com minha família, crianças, sem comer, uma dificuldade danada. O trem tá feio, tem que alguém tomar providências”, implora.

José Adevino, morador de Nova Bandeirantes, conta que saiu do município na quarta feira pela manhã e somente no sábado é que conseguiria chegar em Alta Floresta. No trecho, o tempo todo tendo que ser ‘rebocado’ por pessoas que ficam ao longo da rodovia com tratores de esteira rebocando os caminhoneiros nos atoleiros existentes. “Tem um pessoal que está puxando a gente, estão cobrando, mas mesmo assim a gente agradece. Aqui neste trecho (no 10) nem puxando dava mais”, disse Adevino, que revelou que num trecho pagou em diesel, 20 litros, num segundo trecho, pagou R$ 40,00, em outros dois trechos chegaram a pedir R$ 90,00 reais para rebocar o caminhão para conseguir atravessar os atoleiros.

Morador de Nova Bandeirantes há 18 anos, José Adevino mostra preocupação com a situação, isso por que, é bem provável que a região possa sofrer com falta de produtos considerados de primeira necessidade. Há informações, por exemplo, de que o combustível pode começar a ser racionado. As termoelétricas que atendem as cidades já estariam com seus estoques no limite. “Com certeza já deve estar faltando (mercadorias) nos mercados, eu mesmo era pra estar puxando pra mercado de volta e só agora vou conseguir chegar em Alta Floresta.





Fonte: 24 Horas News

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