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Polícia Brasil
Sábado - 07 de Janeiro de 2006 às 21:06

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Virou rotina. Pelo menos duas vezes por mês no ano passado e em duas vezes já nos primeiros cinco dias - até ontem -, deste ano, presos condenados da Penitenciária de Páscoa Ramos fazem motim e rebelião para exigir transferência. Em todas às vezes os presos pegaram um, ou mais de um agente prisional como reféns. Parece uma coisa orquestrada.

Ontem foi assim. A Comissão de Gerenciamento de Crise teve, mais um vez, que ceder às pressões de mais de 100 presos do Raio-4 da Penitenciária de Pascoal Ramos, que mantinham um agente prisional como refém. O que também começa a chamar a atenção, é que os presos que querem ser transferidos, contam com a ajuda dos presos que estão na mesma Ala ou no mesmo Raio, também uma ação orquestrada.

Ontem, depois de 22 horas de rebelião, 19 presos foram transferidos para a Cadeia Pública de Sinop (Norte, a 500 km de Cuiabá), cujas obras ainda não foram concluídas.

A advogada Betsey Miranda, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de mato Grosso (OAB-MT), concorda que existe alguma coisa, pelo menos estranha relacionada aos constantes motins e rebeliões que sempre acabam em transferência de presos.

A advogada, que ontem integrou a Comissão de Gerenciamento de Crise por telefone, pois está em Santa Catarina, falou também por telefone com a reportagem do Site 24 Horas News agora a pouco. "Existe alguma coisa estranha sim, mas nós só vamos poder falar mais sobre isso quando eu voltar após o dia 15", prometeu Betsey.

A REBELIÃO

A última rebelião que acabou por volta das 17 horas de ontem com a transferência de 19 presos, começou por volta das 15 horas de quarta-feira (4), no Raio-4 da Penitenciária de Pascoal Ramos. Um grupo de cerca de 30 presidiários exigiam transferência para outras unidades prisionais, melhora na alimentação e revisão de processos.

As negociações avançaram, mas surgiu um impasse. Os rebelados só

concordavam em liberar o agente prisional Luiz Mauro que está como refém, quando chegassem às cidades para onde forem transferidos. O refém ficaria em poder dos outros presos até que fossem concluídas as transferências, o que não concordou os integrantes da Comissão.

Versão da Justiça

Superlotação, crime organizado e um perfil diferente do preso da década de 2000 para as outras décadas. Foi a justificativa do secretário-ajunto de Justiça, Sebastião Ribeiro da Silva Filho para as constantes fugas, rebeliões, motins e, principalmente para a transferência de presos da Penitenciária de Pascoal Ramos para outras cidades.

“Estamos construindo novas casas de reclusão (penitenciárias), e detenção (cadeias públicas). Isso via resolver o problema das superlotações, mas não vai resolver, muito menos acabar com a rebeliões e as exigências das transferências. Isso faz parte da vida do preso. Eles querem ficar perto da família e fazem qualquer coisa para isso”, justifica Ribeiro.

Ribeiro explica ainda, quer hoje a maioria dos preso, além de vir da base do crime organizado, também têm informações e poderes. “Hoje o preso tem outro perfil. É mais inteligente. Tem mais informações, tanto de fora para dentro, como de dentro para fora. Mas nós estamos trabalhando para mudar tudo isso, inclusive com a construção de novas unidades prisionais”, concluiu Ribeiro.





Fonte: 24 HorasNews

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