Sharon continua em perigo, apesar de "leve melhora" registrada
A equipe médica que atende Sharon desde sua entrada no hospital, na última quarta-feira, realizará no domingo uma consulta a fim de planejar uma próxima etapa crítica, a de despertar Sharon do coma induzido em que se encontra.
Ao apresentar um primeiro boletim médico após o descanso do sábado, o diretor do hospital disse que "a vida do primeiro-ministro ainda corre perigo", mas que ao examinar uma tomografia feita nesta manhã, os médicos observaram "uma leve melhora", que ainda não se sabe se terá reflexo em seu estado físico.
Segundo os resultados da última tomografia, feita esta manhã, "o hemisfério esquerdo parece intacto", disse Mor-Yossef.
"Mas isso só poderá ser comprovado quando ele despertar", acrescentou o porta-voz. "Nós não reagimos segundo nossas expectativas, mas segundo os fatos", acrescentou.
Na tomografia, os médicos puderam observar a regressão de uma inflamação no hemisfério direito do cérebro, e o bom estado dos tecidos, disse o médico.
Mor-Yossef informou aos jornalistas que a profunda letargia em que Sharon está sendo mantido tem como objetivo proporcionar um "descanso" a seu cérebro, e que provavelmente, a partir de amanhã, serão retirados gradualmente os remédios que o mantêm no estado de coma.
O chefe de Governo israelense repousa anestesiado, e com a respiração auxiliada por aparelhos. Uma equipe médica supervisiona constantemente seu estado de saúde.
A previsão médica oficial, caso Sharon deixe o coma, será seguida de uma imediata reunião do primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, com seus colaboradores.
A maior parte dos especialistas concordam que a recuperação de Sharon, caso ocorra, levará um longo tempo. Não há muitas esperanças de que ele possa retomar suas atividades no Governo.
Todos os partidos políticos prometeram cooperar com Olmert - que no momento também substitui Sharon à frente do novo Partido de centro Kadima - a fim de garantir a estabilidade no país e as eleições de 28 de março.
A figura política que agora se apresenta para dirigir o processo de paz com os palestinos é o "parceiro" de Sharon e ex-líder trabalhista Shimon Peres, que se juntou ao Partido Kadima e que hoje tem as maiores chances de vencer as eleições parlamentares, segundo apontam as pesquisas de intenção de voto.
Olmert, vice-primeiro-ministro e o aliado mais fiel de Sharon, ficaria à frente de um Governo de coalizão -muito provavelmente com o Partido Trabalhista- caso o Kadima vença as eleições.
Independente da previsão oficial dos médicos em relação ao estado de Sharon, o pensamento que predominava hoje nos meios políticos era que "a vida continua, e o país não pode parar".
Olmert, defensor da retirada do território palestino de Gaza em agosto e setembro passados, e o ministro de Exteriores, Silvan Shalom, devem reunir-se esta próxima semana com Eliott Abrams e David Welch, emissários dos Estados Unidos, e com vários ministros europeus.
Um dos principais assuntos a serem tratados nessas conversas será o da proibição israelense ao comparecimento, aos colégios eleitorais de Jerusalém Oriental, dos palestinos que devem votar nas eleições parlamentares do próximo dia 25.
Israel se opõe com o argumento de que tais eleições contam com a participação de candidatos islâmicos do Hamas, partido que não reconhece o Estado judeu e que pede sua destruição, segundo Shalom.
Os Estados Unidos e a União Européia, por outro lado, são favoráveis à votação dentro de Jerusalém.
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