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Brasil vai produzir vacina contra gripe aviária
São Paulo - O vírus da gripe aviária, H5N1, chegou nesta semana ao Brasil - via correio, embalado em uma garrafa térmica de segurança e com três aminoácidos a menos. As amostras do temido micróbio foram recebidas pelo Instituto Butantã, em São Paulo, que pretende utilizá-las como matéria-prima para a produção de vacinas. A expectativa é produzir 20 mil doses ainda neste ano, após testes de segurança que serão realizados em animais e seres humanos.
O remetente é o National Institute for Biological Standards and Technology, laboratório britânico sancionado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que cultiva e distribui cepas de vírus da gripe para produtores de vacinas no mundo todo. A cepa recebida pelo Butantã já foi "desarmada" geneticamente para não causar a gripe aviária - apenas uma reação imunológica, necessária para que a pessoa fique imunizada contra a doença.
Por isso, o risco de as amostras causarem uma epidemia é praticamente nulo, segundo o médico e presidente da Fundação Butantã, Isaias Raw. Sem qualquer cerimônia, ele tira o recipiente plástico azul que contém o vírus de dentro de uma geladeira no laboratório. "Ninguém vai ficar doente nem passar a doença para ninguém", tranqüiliza.
Uma vez que a garrafa for aberta, entretanto, os cuidados vão aumentar significativamente. As pesquisas com o vírus e a produção da vacina deverão ser iniciadas em março, com a reforma de um antigo prédio de 300 metros quadrados. Ele servirá como laboratório inicial até que a fábrica definitiva, de 6 mil metros quadrados, fique pronta, em julho. "Não queremos perder tempo", afirma Raw.
A obra maior, de R$ 18 milhões, vai abrigar R$ 34 milhões em máquinas e equipamentos. Uma infra-estrutura que foi pensada pelo governo federal três anos atrás para a produção da vacina antigripal tradicional - que hoje o Brasil importa. Com o surgimento da gripe aviária, uma parte da fábrica agora será destinada à produção da vacina contra o H5N1. Segundo Raw, o processo de produção é o mesmo, só mudam as cepas dos vírus.
Estoque de ovos Além dos equipamentos de última geração, o instituto também vai precisar de um gigantesco estoque de ovos. O primeiro passo para a produção da vacina é a reprodução do vírus em embriões de galinha. Segundo Raw, a relação é de um ovo para cada dose de vacina. "Ou seja, para produzir 20 mil doses, vamos precisar de 20 mil ovos."
Um das principais questões que a equipe terá de resolver é o que fazer com os ovos no fim da linha. Apenas o líquido interno é usado para isolar o vírus, mas os embriões e o resto dos ovos também ficam infectados. Normalmente, segundo Raw, o material é triturado e aquecido a uma temperatura de 100 ºC. O resultado é um líquido, que deverá ser depositado em um aterro biológico. "É um processo que teremos de aprender", diz o cientista.
O produto final da vacina contém apenas as proteínas da capa do vírus, e não o vírus vivo nem o seu material genético (RNA). Os testes com animais deverão ter início imediatamente após a abertura da fábrica e os testes clínicos, com seres humanos, dois meses depois. Segundo Raw, não será necessário que as pessoas fiquem em isolamento. "Elas não vão ficar gripadas, porque não há vírus na vacina", explica. "No máximo, poderão ter uma pequena reação, como ocorre às vezes com a vacina comum."
Segundo Raw, o Brasil será o primeiro país a fabricar a vacina no Hemisfério Sul - a Austrália também produz, mas em pequena escala. A estratégia é criar um estoque mínimo que sirva como linha de frente caso algum foco da doença seja detectado no País. A intenção não é vacinar toda a população, mas pessoas que possam ter tido contato com o vírus.
O Butantã também fará pesquisas para baratear a vacina. Uma preocupação que, segundo Raw, não existe nos laboratórios privados dos países ricos.
Vírus é geneticamente modificado O vírus recebido pelo Butantã é uma versão geneticamente modificada em laboratório do H5N1 que está matando aves e pessoas na Ásia. Ele sofreu uma alteração no seu material genético (RNA) que retira três aminoácidos das proteínas de sua capa viral. Ou seja, é um organismo geneticamente modificado (OGM).
Isso levanta a possibilidade de o vírus ter de passar pela aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O secretário-executivo da CTNBio, Jairon Santos do Nascimento, disse que não tem conhecimento de que o vírus seja geneticamente modificado, mas que, se for, terá de passar pela comissão. Isaias Raw destacou que apenas as proteínas do vírus são usadas na vacina.
O remetente é o National Institute for Biological Standards and Technology, laboratório britânico sancionado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que cultiva e distribui cepas de vírus da gripe para produtores de vacinas no mundo todo. A cepa recebida pelo Butantã já foi "desarmada" geneticamente para não causar a gripe aviária - apenas uma reação imunológica, necessária para que a pessoa fique imunizada contra a doença.
Por isso, o risco de as amostras causarem uma epidemia é praticamente nulo, segundo o médico e presidente da Fundação Butantã, Isaias Raw. Sem qualquer cerimônia, ele tira o recipiente plástico azul que contém o vírus de dentro de uma geladeira no laboratório. "Ninguém vai ficar doente nem passar a doença para ninguém", tranqüiliza.
Uma vez que a garrafa for aberta, entretanto, os cuidados vão aumentar significativamente. As pesquisas com o vírus e a produção da vacina deverão ser iniciadas em março, com a reforma de um antigo prédio de 300 metros quadrados. Ele servirá como laboratório inicial até que a fábrica definitiva, de 6 mil metros quadrados, fique pronta, em julho. "Não queremos perder tempo", afirma Raw.
A obra maior, de R$ 18 milhões, vai abrigar R$ 34 milhões em máquinas e equipamentos. Uma infra-estrutura que foi pensada pelo governo federal três anos atrás para a produção da vacina antigripal tradicional - que hoje o Brasil importa. Com o surgimento da gripe aviária, uma parte da fábrica agora será destinada à produção da vacina contra o H5N1. Segundo Raw, o processo de produção é o mesmo, só mudam as cepas dos vírus.
Estoque de ovos Além dos equipamentos de última geração, o instituto também vai precisar de um gigantesco estoque de ovos. O primeiro passo para a produção da vacina é a reprodução do vírus em embriões de galinha. Segundo Raw, a relação é de um ovo para cada dose de vacina. "Ou seja, para produzir 20 mil doses, vamos precisar de 20 mil ovos."
Um das principais questões que a equipe terá de resolver é o que fazer com os ovos no fim da linha. Apenas o líquido interno é usado para isolar o vírus, mas os embriões e o resto dos ovos também ficam infectados. Normalmente, segundo Raw, o material é triturado e aquecido a uma temperatura de 100 ºC. O resultado é um líquido, que deverá ser depositado em um aterro biológico. "É um processo que teremos de aprender", diz o cientista.
O produto final da vacina contém apenas as proteínas da capa do vírus, e não o vírus vivo nem o seu material genético (RNA). Os testes com animais deverão ter início imediatamente após a abertura da fábrica e os testes clínicos, com seres humanos, dois meses depois. Segundo Raw, não será necessário que as pessoas fiquem em isolamento. "Elas não vão ficar gripadas, porque não há vírus na vacina", explica. "No máximo, poderão ter uma pequena reação, como ocorre às vezes com a vacina comum."
Segundo Raw, o Brasil será o primeiro país a fabricar a vacina no Hemisfério Sul - a Austrália também produz, mas em pequena escala. A estratégia é criar um estoque mínimo que sirva como linha de frente caso algum foco da doença seja detectado no País. A intenção não é vacinar toda a população, mas pessoas que possam ter tido contato com o vírus.
O Butantã também fará pesquisas para baratear a vacina. Uma preocupação que, segundo Raw, não existe nos laboratórios privados dos países ricos.
Vírus é geneticamente modificado O vírus recebido pelo Butantã é uma versão geneticamente modificada em laboratório do H5N1 que está matando aves e pessoas na Ásia. Ele sofreu uma alteração no seu material genético (RNA) que retira três aminoácidos das proteínas de sua capa viral. Ou seja, é um organismo geneticamente modificado (OGM).
Isso levanta a possibilidade de o vírus ter de passar pela aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O secretário-executivo da CTNBio, Jairon Santos do Nascimento, disse que não tem conhecimento de que o vírus seja geneticamente modificado, mas que, se for, terá de passar pela comissão. Isaias Raw destacou que apenas as proteínas do vírus são usadas na vacina.
Fonte:
Agência Estado
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/326904/visualizar/
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