Sharon é operado de urgência por causa de hemorragia cerebral
À frente da equipe médica que opera o primeiro-ministro estão dois neurocirurgiãos de origem argentina, Félix Umansky e José Cohen, ambos naturais da província de Rosário, e considerados verdadeiras sumidades em sua especialidade.
Fontes do hospital disseram que terminou a "primeira etapa da operação", consistente em frear a hemorragia, e que os doutores prosseguem "com normalidade" seu trabalho.
No entanto, a vida do primeiro-ministro segue correndo perigo devido tanto à complexidade da operação como às conseqüências da hemorragia cerebral sofrida pelo paciente, que só serão conhecidas dentro de alguns dias.
Espera-se que ao terminar a intervenção cirúrgica, os médicos facilitem o correspondente boletim para informar da situação de Sharon.
Ariel Sharon foi internado às 23h (19h hora de Brasília) da quarta-feira no centro médico, aonde foi levado após sentir-se indisposto quando estava em seu rancho do deserto do Neguev, a mais ou menos 100 quilômetros de Jerusalém. O primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, que assumiu o comando do Governo após saber dos graves problemas de saúde de Sharon, presidirá hoje, quinta-feira, uma reunião do Conselho de Ministros para analisar a situação do novo Executivo israelense. Imediatamente após saber do grave estado de saúde de Sharon, o secretário do Governo, Yisrael Maimon, informou que todos os poderes de Governo deveriam ser transferidos a Olmert.
A decisão foi tomada pelo assessor jurídico do Governo, Menachem Mazuz, após reunir-se previamente com os membros da equipe médica que atende o primeiro-ministro.
Segundo as leis israelenses, Olmert estará interino como chefe do Governo durante um máximo de 100 dias.
Pouco depois da entrada de Sharon, em um breve boletim médico, o diretor médico do hospital, Shlomo Mor-Yosef, declarou à televisão israelense que "o primeiro-ministro sofreu um derrame cerebral significativo e está respirando com a ajuda de aparelhos".
O médico acrescentou que Sharon sofreu uma hemorragia cerebral e que por isso havia necessidade de operação.
Para aliviar a pressão no cérebro, os médicos tiveram que perfurar a massa craniana a fim de introduzir um pequeno tubo com o qual extrair o sangue armazenado.
Segundo os doutores, um coágulo teria obstruído a irrigação no cérebro do primeiro-ministro e teria provocado a hemorragia, por isso foi necessário recorrer à cirurgia para freá-la.
Sharon, que há três semanas sofreu outro derrame cerebral de caráter moderado, deveria se internar hoje, quinta-feira, no mesmo hospital onde está sendo operado para submeter-se à uma angioplastia mediante cateterismo, a fim de corrigir um defeito congênito que foi aparentemente o causador desse derrame.
A deterioração do estado de saúde do primeiro-ministro abre sérias incertezas sobre o futuro de sua carreira política, em particular, e do processo eleitoral em Israel, em geral.
A população israelense está convocada às urnas em 28 de março, e Sharon, à frente da nova formação "Kadima", se perfila como o candidato favorito.
Desde Washington, o presidente George W. Bush e o Governo dos EUA assinalaram que seus pensamentos e suas orações estão com o primeiro-ministro israelense.
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Frederick Jones, declarou que Bush foi informado sobre o estado do primeiro-ministro e "continuaremos observando sua situação".
Bush emitiu uma declaração na qual assinalou que ele e sua esposa Laura "compartilhamos da preocupação do povo israelense" e "estamos orando por sua recuperação".
Por sua vez, o vice-primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Nabil Shaath, disse esta madrugada em Gaza que a situação não mudará em Israel, apesar da operação de Sharon, até a realização das eleições gerais em 28 de março.
"Inclusive se Sharon não puder se levantar da cama e não estiver à frente do Governo", seu vice-primeiro-ministro, Ehud Olmert, assumirá o cargo temporariamente até a realização das eleições, assegurou Shaath.
Yasser Abed Rabbo, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), assinalou que era difícil afirmar que os palestinos temessem a ausência de Sharon à frente do executivo hebreu.
Enquanto isso, os grupos radicais palestinos, sobretudo a organização guerrilheira Jihad Islâmica, manifestaram sua alegria pela hemorragia cerebral que ameaça a vida de Sharon.
"Tem que ir para o inferno. É um dos tiranos que executou sangrentos massacres contra os palestinos", declarou Anwar Abu Taha, um destacado líder da Jihad Islâmica.
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