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Em SP, preços administrados perdem lugar de vilão da inflação
São Paulo - Aproximadamente dois terços da inflação de 4,53% do ano passado apurada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) é proveniente do setor de serviços (saúde e educação, por exemplo). A constatação foi feita pelo coordenador do Índice de IPC-Fipe, Paulo Picchetti, que lembrou ser esta a primeira vez que os preços administrados (controlados, insensíveis às condições de oferta e de demanda porque são estabelecidos por contratos ou por um órgão público) dão lugar a um outro segmento desde o início do Plano Real, em julho de 1994.
A exceção do período foi 1998, quando a crise da Rússia e o câmbio fixo levaram grande parte dos indicadores a registrar deflação. "O ano de 2005 para a inflação foi muito mais de Serviços do que de preços livres, administrados ou agrícolas", salientou.
Para chegar a esta conclusão, Picchetti levou em consideração o impacto dos grupos Saúde (9,26%), Educação (6,54%) e o item transporte urbano (15,85%), cuja maior parte de suas composições é de serviços. Estes três itens apresentaram variação acima da inflação do mesmo período. De acordo com o coordenador, o aumento dos preços do segmento de Serviços foi possível porque eles estavam defasados. "Não é que reflita um grande aumento da demanda, mas em 2005 houve espaço para recomposição porque tivemos aumento da massa salarial", avaliou.
Falta de controle
Os preços administrados, que até então eram o vilão da inflação, apresentaram uma queda significativa da participação no IPC de 2004 para o ano passado, passando de 11,34 ponto porcentual para 4,30 ponto porcentual da inflação nos respectivos períodos.
O governo reconheceu ontem que houve falta de regulação e falha na implementação das regras de reajuste dos preços administrados, como energia elétrica, transporte urbano e telefonia. De acordo com estudo preparado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, desde maio de 1995, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 126%, a variação acumulada dos preços administrados foi de 339%. Ainda segundo o documento, desde novembro de 1995, as variações acumuladas em 12 meses dos preços administrados, além de sistematicamente acima da variação dos preços livres, apresentaram maior volatilidade (oscilação).
As tarifas de ônibus urbanos foram as maiores responsáveis, nos últimos 10 anos, pela trajetória crescente de alta do peso dos preços administrados no IPCA, segundo o estudo. As tarifas de ônibus lideraram o impacto sobre os preços administrados em 2005 até novembro e nos anos de 1995, 1998, 2001 e 2003. O estudo da Seae revela que também tiveram peso importante as tarifas de energia, gasolina e telefone fixo.
Transporte responde por quase metade do Índice Já o grupo Transportes subiu 13,08% no acumulado de 2005, o que correspondeu a uma fatia de 44,68% do IPC-Fipe do período, praticamente a metade do indicador. Portanto, da inflação de 4,53% registrada no ano passado, 1,99 ponto porcentual refere-se ao grupo e se não fosse seu impacto, a inflação da capital paulista cederia para 2,54%. "Praticamente metade da inflação de 2005 veio do grupo Transportes, em função da alta dos preços dos combustíveis e do aumento do preço da tarifa de transporte público na cidade, em março do ano passado", afirmou Picchetti.
No acumulado do ano, o preço do álcool combustível avançou 9,62% e o da gasolina, 7,52%. Já os transportes coletivos apresentaram alta de 15,85%. Na avaliação de Picchetti, apesar do aumento recente do preço do álcool, não há muito mais espaço para elevação de preços ao longo de 2006. "Até porque a competitividade com a gasolina está esgotada", afirmou. (Célia Froufe)
Queda do dólar contribuiu com inflação menor em 2005 A valorização do real ante o dólar durante 2005 beneficiou sensivelmente a inflação do período na capital paulista. Prova disso é que a maior parte dos produtos eletroeletrônicos, que contam com peças importadas, esteve entre os itens que apresentaram deflação no ano passado. O aparelho de telefone celular, por exemplo, ficou 34,21% mais barato ao final de 2005 do que o preço médio praticado na época semelhante do ano anterior.
Na mesma linha, o videocassete registrou queda de 21,68% do preço, a televisão, de 16,82%; impressora, de 14,12%; microcomputador, 13,49%; máquina fotográfica, de 13,27% e aparelho de som, 12,69%.
A exceção do período foi 1998, quando a crise da Rússia e o câmbio fixo levaram grande parte dos indicadores a registrar deflação. "O ano de 2005 para a inflação foi muito mais de Serviços do que de preços livres, administrados ou agrícolas", salientou.
Para chegar a esta conclusão, Picchetti levou em consideração o impacto dos grupos Saúde (9,26%), Educação (6,54%) e o item transporte urbano (15,85%), cuja maior parte de suas composições é de serviços. Estes três itens apresentaram variação acima da inflação do mesmo período. De acordo com o coordenador, o aumento dos preços do segmento de Serviços foi possível porque eles estavam defasados. "Não é que reflita um grande aumento da demanda, mas em 2005 houve espaço para recomposição porque tivemos aumento da massa salarial", avaliou.
Falta de controle
Os preços administrados, que até então eram o vilão da inflação, apresentaram uma queda significativa da participação no IPC de 2004 para o ano passado, passando de 11,34 ponto porcentual para 4,30 ponto porcentual da inflação nos respectivos períodos.
O governo reconheceu ontem que houve falta de regulação e falha na implementação das regras de reajuste dos preços administrados, como energia elétrica, transporte urbano e telefonia. De acordo com estudo preparado pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda, desde maio de 1995, enquanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 126%, a variação acumulada dos preços administrados foi de 339%. Ainda segundo o documento, desde novembro de 1995, as variações acumuladas em 12 meses dos preços administrados, além de sistematicamente acima da variação dos preços livres, apresentaram maior volatilidade (oscilação).
As tarifas de ônibus urbanos foram as maiores responsáveis, nos últimos 10 anos, pela trajetória crescente de alta do peso dos preços administrados no IPCA, segundo o estudo. As tarifas de ônibus lideraram o impacto sobre os preços administrados em 2005 até novembro e nos anos de 1995, 1998, 2001 e 2003. O estudo da Seae revela que também tiveram peso importante as tarifas de energia, gasolina e telefone fixo.
Transporte responde por quase metade do Índice Já o grupo Transportes subiu 13,08% no acumulado de 2005, o que correspondeu a uma fatia de 44,68% do IPC-Fipe do período, praticamente a metade do indicador. Portanto, da inflação de 4,53% registrada no ano passado, 1,99 ponto porcentual refere-se ao grupo e se não fosse seu impacto, a inflação da capital paulista cederia para 2,54%. "Praticamente metade da inflação de 2005 veio do grupo Transportes, em função da alta dos preços dos combustíveis e do aumento do preço da tarifa de transporte público na cidade, em março do ano passado", afirmou Picchetti.
No acumulado do ano, o preço do álcool combustível avançou 9,62% e o da gasolina, 7,52%. Já os transportes coletivos apresentaram alta de 15,85%. Na avaliação de Picchetti, apesar do aumento recente do preço do álcool, não há muito mais espaço para elevação de preços ao longo de 2006. "Até porque a competitividade com a gasolina está esgotada", afirmou. (Célia Froufe)
Queda do dólar contribuiu com inflação menor em 2005 A valorização do real ante o dólar durante 2005 beneficiou sensivelmente a inflação do período na capital paulista. Prova disso é que a maior parte dos produtos eletroeletrônicos, que contam com peças importadas, esteve entre os itens que apresentaram deflação no ano passado. O aparelho de telefone celular, por exemplo, ficou 34,21% mais barato ao final de 2005 do que o preço médio praticado na época semelhante do ano anterior.
Na mesma linha, o videocassete registrou queda de 21,68% do preço, a televisão, de 16,82%; impressora, de 14,12%; microcomputador, 13,49%; máquina fotográfica, de 13,27% e aparelho de som, 12,69%.
Fonte:
Agência Estado
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/327523/visualizar/
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