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Alemanha revê abandono da energia nuclear devido à crise do gás
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A "guerra do gás" entre Rússia e Ucrânia já mostrou seus efeitos colaterais na Alemanha, como a revisão do calendário para o abandono da energia nuclear e as crescentes pressões sobre o ex-chanceler Gerhard Schröder, designado presidente do conselho de vigilância do gasoduto russo-germânico da Gazprom.
O Governo de Angela Merkel pressionou Moscou e Kiev para que cheguem a um acordo "o mais rápido possível" em uma disputa que, por enquanto, não afetou o abastecimento na Alemanha, mas que reascendeu a controvérsia em torno do futuro gasoduto que atravessará o Báltico.
O gasoduto, cuja construção foi decidida há alguns meses pelo então chanceler Schröder e pelo presidente Vladimir Putin, será o maior da Europa quando ficar pronto, em 2010, e levará anualmente 55 bilhões de metros cúbicos anuais da Rússia à Alemanha, primeiramente, e depois ao resto da UE.
O vice-porta-voz do Governo, Thomas Steg, lembrou hoje, diante da crescente inquietação quanto à confiabilidade do abastecimento de gás russo, que esse projeto contou principalmente com o "apoio do Governo anterior", embora pertença ao interesse público.
A Gazprom, vinculada ao Estado russo, é a principal acionista, com 51% do projeto. As demais ações pertencem às alemãs Ruhrgas e BASF.
Steg disse que seu Governo não se coloca como mediador na atual disputa entre Moscou e Kiev por considerar um assunto bilateral e que, para uma intervenção desse tipo, seria necessário que pelo menos uma das partes a solicitasse.
O vice-porta-voz se negou a especular sobre um possível papel do ex-chanceler como mediador na crise. "Não sei se Schröder terá ou não um papel mediador. Vocês devem perguntar a ele", disse.
Nas últimas semanas, sucederam-se declarações de políticos, tanto do governo quanto da oposição, a respeito de uma mediação de Schröder. Muitas dessas opiniões lembravam que o ex-chanceler defendeu sua decisão de assumir a Presidência do conselho de vigilância como uma "questão de honra".
Enquanto uns pedem sua mediação, outros pretendem denunciar o que consideram um "negócio entre amigos", pela conhecida amizade entre Schröder e Putin. Segundo a revista "Focus", já há sete investigações contra Schröder por suspeitas de que ele teria aprovado o projeto do futuro gasoduto já visando seu futuro cargo, a dois meses de eleições que poderiam ser (e se mostraram) adversas.
O papel de Schröder no projeto, ao qual se opõem Polônia e Ucrânia - que foram excluídas do plano -, significa um problema para as relações bilaterais da Alemanha com os dois países, admitiu recentemente Merkel.
O Governo da atual chanceler havia expressado, antes da crise do gás russo, que mantinha seu "apoio" ao projeto, embora sem muito entusiasmo.
Menos eufórico ainda se mostra o ministro da Economia, o conservador Michael Glos, com outra questão herdada da equipe anterior: o plano de abandono da energia nuclear.
Glos propôs hoje uma revisão do calendário previsto para o abandono da energia atômica, de forma a atenuar eventuais crises futuras de abastecimento de gás russo.
"É preciso refletir novamente sobre o que se pode fazer para não ficarmos dependentes da provisão (russa)", disse Glos, em declarações à rádio pública, onde se referiu às centrais nucleares como "condenadas à desativação pelo Governo anterior".
Schröder definiu, em seu primeiro mandato, o fechamento das 21 usinas atômicas que funcionavam então no país, de acordo com um calendário gradual que previa, além disso, um mecanismo de revezamento de períodos de atividade dos reatores entre os consórcios energéticos.
Glos disse, no entanto, que por enquanto, não se deve temer problemas de abastecimento, já que o país não depende unicamente da Rússia.
Segundo dados de seu Ministério, 36% da importação de gás procede da Rússia.
O gasoduto, cuja construção foi decidida há alguns meses pelo então chanceler Schröder e pelo presidente Vladimir Putin, será o maior da Europa quando ficar pronto, em 2010, e levará anualmente 55 bilhões de metros cúbicos anuais da Rússia à Alemanha, primeiramente, e depois ao resto da UE.
O vice-porta-voz do Governo, Thomas Steg, lembrou hoje, diante da crescente inquietação quanto à confiabilidade do abastecimento de gás russo, que esse projeto contou principalmente com o "apoio do Governo anterior", embora pertença ao interesse público.
A Gazprom, vinculada ao Estado russo, é a principal acionista, com 51% do projeto. As demais ações pertencem às alemãs Ruhrgas e BASF.
Steg disse que seu Governo não se coloca como mediador na atual disputa entre Moscou e Kiev por considerar um assunto bilateral e que, para uma intervenção desse tipo, seria necessário que pelo menos uma das partes a solicitasse.
O vice-porta-voz se negou a especular sobre um possível papel do ex-chanceler como mediador na crise. "Não sei se Schröder terá ou não um papel mediador. Vocês devem perguntar a ele", disse.
Nas últimas semanas, sucederam-se declarações de políticos, tanto do governo quanto da oposição, a respeito de uma mediação de Schröder. Muitas dessas opiniões lembravam que o ex-chanceler defendeu sua decisão de assumir a Presidência do conselho de vigilância como uma "questão de honra".
Enquanto uns pedem sua mediação, outros pretendem denunciar o que consideram um "negócio entre amigos", pela conhecida amizade entre Schröder e Putin. Segundo a revista "Focus", já há sete investigações contra Schröder por suspeitas de que ele teria aprovado o projeto do futuro gasoduto já visando seu futuro cargo, a dois meses de eleições que poderiam ser (e se mostraram) adversas.
O papel de Schröder no projeto, ao qual se opõem Polônia e Ucrânia - que foram excluídas do plano -, significa um problema para as relações bilaterais da Alemanha com os dois países, admitiu recentemente Merkel.
O Governo da atual chanceler havia expressado, antes da crise do gás russo, que mantinha seu "apoio" ao projeto, embora sem muito entusiasmo.
Menos eufórico ainda se mostra o ministro da Economia, o conservador Michael Glos, com outra questão herdada da equipe anterior: o plano de abandono da energia nuclear.
Glos propôs hoje uma revisão do calendário previsto para o abandono da energia atômica, de forma a atenuar eventuais crises futuras de abastecimento de gás russo.
"É preciso refletir novamente sobre o que se pode fazer para não ficarmos dependentes da provisão (russa)", disse Glos, em declarações à rádio pública, onde se referiu às centrais nucleares como "condenadas à desativação pelo Governo anterior".
Schröder definiu, em seu primeiro mandato, o fechamento das 21 usinas atômicas que funcionavam então no país, de acordo com um calendário gradual que previa, além disso, um mecanismo de revezamento de períodos de atividade dos reatores entre os consórcios energéticos.
Glos disse, no entanto, que por enquanto, não se deve temer problemas de abastecimento, já que o país não depende unicamente da Rússia.
Segundo dados de seu Ministério, 36% da importação de gás procede da Rússia.
Fonte:
Terra
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/327931/visualizar/
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