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Consagrado, Walcyr Carrasco não liga para o Ibope
Trabalhar com Walcyr Carrasco deve ser o sonho de qualquer diretor da Globo. Ele é um autor que escreve rápido, não atrasa capítulos e, melhor de tudo, só emplaca sucessos.
Jorge Fernando que o diga. Alma Gêmea já desponta como a melhor audiência das seis nos últimos dez anos, com 37 pontos de média e 59% de "share". Não é à toa que Walcyr Carrasco levou a melhor na eleição "Melhores & Piores de 2005", promovida por TV Press entre editores de jornais, ao ganhar na categoria "Melhor Autor".
Além disso, Alma Gêmea venceu também como "Melhor Diretor", "Melhor Ator Coadjuvante" para Emílio Orciollo Netto e "Melhor Atriz Coadjuvante" para Drica Moraes. "O grande prazer de um autor não é o ibope da novela ou a venda de um livro, é o ato de escrever", jura ele.
Com um toque espiritualista, Alma Gêmea confirma a vocação de Walcyr Carrasco para tramas de época, românticas e bem-humoradas. Autor também de Fascinação, do SBT, e de O Cravo e a Rosa, da Globo, entre outras, ele avisa que pretende voltar a escrever uma novela contemporânea.
A única que assinou até hoje foi Cortina de Vidro, do SBT. "O autor tem de acreditar na história que está escrevendo, independentemente da época em que ela se passa", desconversa. O que Walcyr não parece ter pressa é em chegar ao horário das oito, reduto ocupado apenas por um seleto grupo de meia dúzia de autores. "Às vezes, tenho a impressão de que escrever novela das oito é uma espécie de promoção se comparado à das seis", refuta.
Mesmo assim, não é todo dia que um mesmo autor consegue fazer sucesso em duas emissoras diferentes. Em 2005, Walcyr viu a exibição de outra trama sua, Xica da Silva, novela que escreveu para a extinta Manchete em 1996, sob o pseudônimo de Adamo Angel.
Quase uma década depois, a novela voltou a fazer sucesso no SBT. Graças à inacreditável média de 17 pontos, chegou a ser a produção de maior audiência fora da Globo. "Minha vida pode ser dividida em antes e depois de Walter Avancini. Ele simplesmente me ensinou tudo o que eu sei", emociona-se.
Você foi eleito "Melhor Autor" de 2005. Além disso, Alma Gêmea ganhou nas categorias de "Melhor Diretor", "Ator Coadjuvante" e "Atriz Coadjuvante". Qual a razão do sucesso de público e de crítica da sua novela?
Walcyr Carrasco - Olha, não costumo buscar motivos para o sucesso. Deixo isso para os críticos. Não sou um analista de marketing, sou um autor. Quando você começa a buscar explicações para o sucesso, se distancia do ato da criação. O grande prazer de um autor, acredite, não é o sucesso, o Ibope. É o ato de escrever. Se eu não acreditasse em Alma Gêmea, não me arriscaria a escrevê-la. Gosto de escrever e gosto que minhas novelas dêem certo. Quem não gosta? Daí a tentar explicar o motivo de seu sucesso, não sei se consigo. Diria que a questão de fazer uma coisa que dá certo ou não é você ter uma entrega muito grande. Não só minha, mas também do Jorginho e de todos os atores envolvidos no projeto.
Alma Gêmea e Chocolate com Pimenta são as duas novelas de maior audiência do horário das seis nos últimos dez anos. O que não pode faltar numa novela que leva a sua assinatura?
Walcyr Carrasco - Não faço a menor idéia. E espero nunca ter a resposta para essa pergunta. Porque, no dia em que eu tiver, corro o risco de me repetir. Não há nada tão específico que eu possa dizer: "Ah, não pode faltar um personagem assim" ou, então, "Não pode faltar uma trama assado", etc. O que não pode faltar, acho eu, é entrega pessoal. E criatividade também.
Seis de suas sete novelas são de época. Que vantagens o gênero leva sobre as tramas atuais?
Walcyr Carrasco - Nenhuma. Apenas algumas tramas pedem para ser de época. Outras não. Só isso... Costumo escrever novelas de época basicamente por ter estudado História. Gosto muito do tema. Agora, o autor tem de saber quando uma determinada história fica melhor ambientada numa época diferente da atual. No caso específico de Alma Gêmea, por exemplo, achei que esse enquadramento mágico tornaria a história ainda mais bonita e verossímil. Só isso.
Mas você não concorda que, em tramas atuais, perde-se um pouco do glamour e do romantismo das produções de época? Walcyr Carrasco - Na verdade, depende da história. E de como ela é escrita. Há filmes atuais, por exemplo, que são extremamente românticos. Quer um exemplo? O filme Uma Linda Mulher. É um filme atual, mas extremamente romântico. Um filme que poderia se passar em qualquer época. O autor tem é de acreditar na história que está escrevendo. Se ele começa com esse negócio de "Ah, isso não pode!" ou "Ah, aquilo não dá!", aí é que não rola mesmo. Se eu acredito no que estou escrevendo a ponto de rir ou me emocionar com o que escrevo, então, não tenha dúvidas: o público vai sentir essa vibração.
Mas você se imagina escrevendo uma trama atual? Walcyr Carrasco - Claro. Por que não? Imagino sim. Uma trama contemporânea, se você observar bem, também é de época. Só que ambientada na época em que nós vivemos.
A exemplo de autores como Glória Perez e Benedito Ruy Barbosa, você também escreve sozinho. Mesmo assim, nunca atrasa capítulos. Qual é o segredo? Walcyr Carrasco - Eu até tenho uma colaboradora muito boa, que é a Thelma Guedes, mas, na verdade, não gosto muito de me distanciar do que estou escrevendo. Não quero ser chefe. Quero escrever o que eu quero, do jeito que eu quero. Às vezes, você perde mais tempo trabalhando em equipe do que sozinho... Além disso, escrevo numa velocidade impressionante. Diria até que escrevo quase como se estivesse falando. O ato de escrever, para mim, é muito rápido. E prazeroso também. Torço para chegar logo a hora de sentar ao computador para escrever.
Qual é a importância que você atribui aos números do Ibope ou aos grupos de discussão ao escrever uma novela?
Walcyr Carrasco - Encaro como um estímulo à minha criatividade. Eles só não podem ser entendidos como determinações. Não é porque o público quer determinada coisa que eu tenho de fazer o que ele quer. Quer um exemplo? Costumo receber umas dez mensagens por dia pedindo para eu dar um jeito na Cristina. O que isso quer dizer? Que a personagem está dando certo. Afinal, ela é uma vilã! Não posso entender isso como tirar a Cristina da novela. Tenho de entender o que está sendo dito.
Mas já aconteceu de você mudar o perfil de um personagem ou o rumo de uma trama por conta dos baixos índices da audiência?
Walcyr Carrasco - Não, isso não existe. Se você quer saber, não sou uma marionete nas mãos do público. O meu trabalho é receber estímulos e tratá-los como são, estímulos à minha criatividade. Sou pago para buscar soluções criativas e inovadoras para eventuais problemas.
Mas não acontece, por exemplo, de a direção da Globo fazer recomendações do que deve e não deve ir ao ar?
Walcyr Carrasco -De maneira nenhuma. A mim, por exemplo, nunca fez. E vou falar mais: se houvesse, dentro da Globo, um mago falando o que deveria ou não fazer, eu seria o primeiro a me ajoelhar aos seus pés e pedir todas as fórmulas de sucesso que ele tivesse. Um dos segredos da boa teledramaturgia é que, quando você se prende a fórmulas, o resultado tende a ficar ruim. O sucesso não tem receita. Eu acho até que o único segredo dele é não ter receita. Se uma determinada novela não está dando certo, o máximo que eles fazem é dizer: "Veja aí o que pode ser feito para melhorá-la". Só isso... Agora, quem tem de buscar soluções criativas e inovadoras sou eu, mais ninguém.
Antes de chegar à Globo, você passou pelo SBT, onde fez Cortina de Vidro e Fascinação. Qual é a lembrança que guarda de sua passagem pelo SBT?
Walcyr Carrasco - No SBT, eu passei um dos momentos mais difíceis da minha carreira. Isso aconteceu depois que terminei de fazer Fascinação. A novela, é bom que se diga, foi um sucesso para os padrões da emissora. O elenco todo estava muito feliz. Quando menos se esperava, porém, Silvio Santos resolveu fechar o núcleo. De uma hora para outra, todas aquelas pessoas ficaram desempregadas. Foi um momento muito difícil porque demos o nosso sangue pela emissora, fizemos um sucesso danado e ninguém reconheceu. O Silvio Santos fechou o núcleo de teledramaturgia para exibir novelas mexicanas. Eu me senti profundamente injustiçado.
Depois de cinco anos na Globo, você já se sente preparado para escrever uma novela das oito?
Walcyr Carrasco - Olha, o que eu quero da vida é continuar escrevendo novelas. Às vezes, a impressão que tenho é que escrever novela das oito é uma promoção se comparado a escrever novela das seis. Honestamente, não faço distinção de horários. Inclusive, já me convocaram para assumir o Sítio do Pica-Pau Amarelo e eu assumi o seriado com a mesma alegria que assumiria uma novela das oito. Trabalho numa emissora da qual gosto muito e onde sou muito bem tratado. O que quero é estar disponível. Tenho muitos projetos para apresentar à casa e cada um deles, você pode ter certeza, pede um horário determinado.
Jorge Fernando que o diga. Alma Gêmea já desponta como a melhor audiência das seis nos últimos dez anos, com 37 pontos de média e 59% de "share". Não é à toa que Walcyr Carrasco levou a melhor na eleição "Melhores & Piores de 2005", promovida por TV Press entre editores de jornais, ao ganhar na categoria "Melhor Autor".
Além disso, Alma Gêmea venceu também como "Melhor Diretor", "Melhor Ator Coadjuvante" para Emílio Orciollo Netto e "Melhor Atriz Coadjuvante" para Drica Moraes. "O grande prazer de um autor não é o ibope da novela ou a venda de um livro, é o ato de escrever", jura ele.
Com um toque espiritualista, Alma Gêmea confirma a vocação de Walcyr Carrasco para tramas de época, românticas e bem-humoradas. Autor também de Fascinação, do SBT, e de O Cravo e a Rosa, da Globo, entre outras, ele avisa que pretende voltar a escrever uma novela contemporânea.
A única que assinou até hoje foi Cortina de Vidro, do SBT. "O autor tem de acreditar na história que está escrevendo, independentemente da época em que ela se passa", desconversa. O que Walcyr não parece ter pressa é em chegar ao horário das oito, reduto ocupado apenas por um seleto grupo de meia dúzia de autores. "Às vezes, tenho a impressão de que escrever novela das oito é uma espécie de promoção se comparado à das seis", refuta.
Mesmo assim, não é todo dia que um mesmo autor consegue fazer sucesso em duas emissoras diferentes. Em 2005, Walcyr viu a exibição de outra trama sua, Xica da Silva, novela que escreveu para a extinta Manchete em 1996, sob o pseudônimo de Adamo Angel.
Quase uma década depois, a novela voltou a fazer sucesso no SBT. Graças à inacreditável média de 17 pontos, chegou a ser a produção de maior audiência fora da Globo. "Minha vida pode ser dividida em antes e depois de Walter Avancini. Ele simplesmente me ensinou tudo o que eu sei", emociona-se.
Você foi eleito "Melhor Autor" de 2005. Além disso, Alma Gêmea ganhou nas categorias de "Melhor Diretor", "Ator Coadjuvante" e "Atriz Coadjuvante". Qual a razão do sucesso de público e de crítica da sua novela?
Walcyr Carrasco - Olha, não costumo buscar motivos para o sucesso. Deixo isso para os críticos. Não sou um analista de marketing, sou um autor. Quando você começa a buscar explicações para o sucesso, se distancia do ato da criação. O grande prazer de um autor, acredite, não é o sucesso, o Ibope. É o ato de escrever. Se eu não acreditasse em Alma Gêmea, não me arriscaria a escrevê-la. Gosto de escrever e gosto que minhas novelas dêem certo. Quem não gosta? Daí a tentar explicar o motivo de seu sucesso, não sei se consigo. Diria que a questão de fazer uma coisa que dá certo ou não é você ter uma entrega muito grande. Não só minha, mas também do Jorginho e de todos os atores envolvidos no projeto.
Alma Gêmea e Chocolate com Pimenta são as duas novelas de maior audiência do horário das seis nos últimos dez anos. O que não pode faltar numa novela que leva a sua assinatura?
Walcyr Carrasco - Não faço a menor idéia. E espero nunca ter a resposta para essa pergunta. Porque, no dia em que eu tiver, corro o risco de me repetir. Não há nada tão específico que eu possa dizer: "Ah, não pode faltar um personagem assim" ou, então, "Não pode faltar uma trama assado", etc. O que não pode faltar, acho eu, é entrega pessoal. E criatividade também.
Seis de suas sete novelas são de época. Que vantagens o gênero leva sobre as tramas atuais?
Walcyr Carrasco - Nenhuma. Apenas algumas tramas pedem para ser de época. Outras não. Só isso... Costumo escrever novelas de época basicamente por ter estudado História. Gosto muito do tema. Agora, o autor tem de saber quando uma determinada história fica melhor ambientada numa época diferente da atual. No caso específico de Alma Gêmea, por exemplo, achei que esse enquadramento mágico tornaria a história ainda mais bonita e verossímil. Só isso.
Mas você não concorda que, em tramas atuais, perde-se um pouco do glamour e do romantismo das produções de época? Walcyr Carrasco - Na verdade, depende da história. E de como ela é escrita. Há filmes atuais, por exemplo, que são extremamente românticos. Quer um exemplo? O filme Uma Linda Mulher. É um filme atual, mas extremamente romântico. Um filme que poderia se passar em qualquer época. O autor tem é de acreditar na história que está escrevendo. Se ele começa com esse negócio de "Ah, isso não pode!" ou "Ah, aquilo não dá!", aí é que não rola mesmo. Se eu acredito no que estou escrevendo a ponto de rir ou me emocionar com o que escrevo, então, não tenha dúvidas: o público vai sentir essa vibração.
Mas você se imagina escrevendo uma trama atual? Walcyr Carrasco - Claro. Por que não? Imagino sim. Uma trama contemporânea, se você observar bem, também é de época. Só que ambientada na época em que nós vivemos.
A exemplo de autores como Glória Perez e Benedito Ruy Barbosa, você também escreve sozinho. Mesmo assim, nunca atrasa capítulos. Qual é o segredo? Walcyr Carrasco - Eu até tenho uma colaboradora muito boa, que é a Thelma Guedes, mas, na verdade, não gosto muito de me distanciar do que estou escrevendo. Não quero ser chefe. Quero escrever o que eu quero, do jeito que eu quero. Às vezes, você perde mais tempo trabalhando em equipe do que sozinho... Além disso, escrevo numa velocidade impressionante. Diria até que escrevo quase como se estivesse falando. O ato de escrever, para mim, é muito rápido. E prazeroso também. Torço para chegar logo a hora de sentar ao computador para escrever.
Qual é a importância que você atribui aos números do Ibope ou aos grupos de discussão ao escrever uma novela?
Walcyr Carrasco - Encaro como um estímulo à minha criatividade. Eles só não podem ser entendidos como determinações. Não é porque o público quer determinada coisa que eu tenho de fazer o que ele quer. Quer um exemplo? Costumo receber umas dez mensagens por dia pedindo para eu dar um jeito na Cristina. O que isso quer dizer? Que a personagem está dando certo. Afinal, ela é uma vilã! Não posso entender isso como tirar a Cristina da novela. Tenho de entender o que está sendo dito.
Mas já aconteceu de você mudar o perfil de um personagem ou o rumo de uma trama por conta dos baixos índices da audiência?
Walcyr Carrasco - Não, isso não existe. Se você quer saber, não sou uma marionete nas mãos do público. O meu trabalho é receber estímulos e tratá-los como são, estímulos à minha criatividade. Sou pago para buscar soluções criativas e inovadoras para eventuais problemas.
Mas não acontece, por exemplo, de a direção da Globo fazer recomendações do que deve e não deve ir ao ar?
Walcyr Carrasco -De maneira nenhuma. A mim, por exemplo, nunca fez. E vou falar mais: se houvesse, dentro da Globo, um mago falando o que deveria ou não fazer, eu seria o primeiro a me ajoelhar aos seus pés e pedir todas as fórmulas de sucesso que ele tivesse. Um dos segredos da boa teledramaturgia é que, quando você se prende a fórmulas, o resultado tende a ficar ruim. O sucesso não tem receita. Eu acho até que o único segredo dele é não ter receita. Se uma determinada novela não está dando certo, o máximo que eles fazem é dizer: "Veja aí o que pode ser feito para melhorá-la". Só isso... Agora, quem tem de buscar soluções criativas e inovadoras sou eu, mais ninguém.
Antes de chegar à Globo, você passou pelo SBT, onde fez Cortina de Vidro e Fascinação. Qual é a lembrança que guarda de sua passagem pelo SBT?
Walcyr Carrasco - No SBT, eu passei um dos momentos mais difíceis da minha carreira. Isso aconteceu depois que terminei de fazer Fascinação. A novela, é bom que se diga, foi um sucesso para os padrões da emissora. O elenco todo estava muito feliz. Quando menos se esperava, porém, Silvio Santos resolveu fechar o núcleo. De uma hora para outra, todas aquelas pessoas ficaram desempregadas. Foi um momento muito difícil porque demos o nosso sangue pela emissora, fizemos um sucesso danado e ninguém reconheceu. O Silvio Santos fechou o núcleo de teledramaturgia para exibir novelas mexicanas. Eu me senti profundamente injustiçado.
Depois de cinco anos na Globo, você já se sente preparado para escrever uma novela das oito?
Walcyr Carrasco - Olha, o que eu quero da vida é continuar escrevendo novelas. Às vezes, a impressão que tenho é que escrever novela das oito é uma promoção se comparado a escrever novela das seis. Honestamente, não faço distinção de horários. Inclusive, já me convocaram para assumir o Sítio do Pica-Pau Amarelo e eu assumi o seriado com a mesma alegria que assumiria uma novela das oito. Trabalho numa emissora da qual gosto muito e onde sou muito bem tratado. O que quero é estar disponível. Tenho muitos projetos para apresentar à casa e cada um deles, você pode ter certeza, pede um horário determinado.
Fonte:
Terra
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/328055/visualizar/
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