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Internacional
Sábado - 31 de Dezembro de 2005 às 18:48

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A guerra do Iraque "poderia ter sido evitada" se tivessem denunciado a tempo os erros dos serviços de espionagem, segundo afirma o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei. "A guerra poderia ter sido evitada se todos tivéssemos feito nossos deveres. Se cada um de nós tivesse dito então que os dados de inteligência eram incorretos, que a informação não era consistente, talvez se teria podido impedir a guerra", diz El Baradei em entrevista publicada hoje pelo jornal El País.

El Baradei, ganhador do prêmio Nobel da Paz este ano, lembra que antes do início da guerra, em março de 2003, a AIEA já afirmava que não havia provas de que o regime de Saddam Hussein tivesse um programa de fabricação de armas atômicas.

As provas apresentadas antes da guerra eram "falsificações ou não revelavam a existência desses programas", assinala o diretor-geral da AIEA, que se orgulha de o órgão ter sido independente e feito a análise correta na época.

Neste sentido, ressalta que o caso do Iraque se parece com o que ocorre agora com o Irã, país que os Estados Unidos acusam de desenvolver um programa de armas nucleares e que, segundo admite El Baradei, manteve uma política de ocultação sobre suas intenções.

"O veredicto sobre o Irã não está escrito ainda. Não digo que tenha um programa pacífico de energia nuclear, mas também não afirmo que seja um programa para fabricar armas nucleares", diz.

El Baradei acredita que o Governo de Teerã se comporta agora "de maneira mais ativa, mais cooperadora e o faça com maior rapidez", e ajudará a reconstruir o que o diretor-geral da AIEA qualifica como "a história de 18 anos de ocultação".

Para isso, considera fundamental a cooperação internacional e reconhece estar "muito contente com o fato de Rússia, China e Índia se comprometerem a ajudar no Irã" e ajudarem a acabar com a idéia de que se trata de "um combate da Europa ou dos EUA contra o Irã".

A Coréia do Norte é outro foco de preocupação da AIEA e El Baradei se diz esperançoso, embora com cautela, frente à possibilidade de conseguir progressos nos próximos meses, sobretudo pelo ativo envolvimento da China na busca de uma solução.

"Sou mais otimista que há um ano sobre a Coréia do Norte, mas não tanto quanto desejaria. Também não vejo uma solução para o próximo mês. Há muitos detalhes pendentes", diz El Baradei, que destaca que "os coreanos dizem estar preparados para voltar ao regime de não-proliferação nuclear e voltar às regras da AIEA".

Sobre o temor de que grupos terroristas possam ter acesso a material radiativo, El Baradei indica que "não vimos nada", mas acrescenta que isto "não quer dizer que não tenha ocorrido".

"Carecemos de provas. Esperamos que esses grupos não tenham sob controle este tipo de material, mas continua sendo nossa principal preocupação. É improvável, mas não impossível, que isto ocorra", afirma.




Fonte: Terra

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