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Internacional
Sexta - 30 de Dezembro de 2005 às 12:46

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Buenos Aires - O presidente Néstor Kirchner assinou um decreto determinando que esta sexta-feira será uma jornada de luto nacional. O motivo do luto é o primeiro aniversário do incêndio da discoteca Cro-magnon, destruída pelas chamas na noite do dia 30 de dezembro de 2004. Na tragédia morreram 194 pessoas, a maioria adolescentes. Essa foi a maior catástrofe em um recinto fechado da história da Argentina.

A tragédia causou uma crise política em Buenos Aires. O chefe de governo da cidade (cargo equivalente ao de prefeito da capital federal), Aníbal Ibarra, foi o principal alvo das furiosas manifestações dos parentes das vítimas, que ocorreram ao longo de todo o ano, pedindo Justiça.

Ibarra foi acusado de falhas em seu governo, que deixaram de lado a fiscalização das discotecas portenhas. Afastado de seu cargo há poucos meses, Ibarra aguarda o julgamento. Os analistas afirmam que atualmente ele não passa de um "cadáver político".

O dono da discoteca, Omar Chabán, afirma que teme que os parentes das vítimas o assassinem. Chabán está sendo processado por suspeitas de ter ordenado que as portas de emergência da discoteca permanecessem fechadas. O empresário, famoso por ter sido o "mecenas" de músicos underground nos anos 80, afirma que é "inocente" e que está sendo usado como "bode expiatório".

As marchas de protesto em memória do primeiro aniversário começaram ontem (quinta-feira). Os parentes das vítimas do incêndio colocaram um imenso cartaz ao redor do Obelisco, um monumento símbolo de Buenos Aires, pedindo Justiça. No início da noite, o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Bergoglio, realizará uma missa pelas almas dos mortos na tragédia.

Incêndio - O incêndio na discoteca Cro-Magnon teria sido causado por fogos de artifício disparados dentro do recinto por integrantes do público. As faíscas atingiram o forro de pano do teto (elemento proibido no teto desse tipo de estabelecimento pela legislação portenha), o que levou o fogo a se espalhar rapidamente.

A discoteca, teoricamente com capacidade para menos de 1,5 mil pessoas, estava abarrotada. Diversos cálculos indicam que Chabán teria deixado que entrassem mais de 3 mil pessoas.

O início do incêndio causou pânico na multidão, que correu em direção às saídas de emergência. No entanto, as portas estavam fechadas com cadeados do lado de fora. Dezenas de pessoas morreram pisoteadas, entre elas, bebês que haviam sido levados pelos jovens pais que haviam ido assistir o show do grupo de rock "Callejeros".

Noite transformada - A tragédia foi um divisor de águas na noite portenha. Dezenas de discotecas e bares noturnos fecharam suas portas e nunca mais as reabriram. Atualmente funcionam apenas 67 das 105 discotecas que existiam na cidade antes da tragédia.

O incêndio também causou uma drástica redução dos show de rock, o que constituiu um duro golpe nos grupos novos que estavam surgindo.




Fonte: agencia estado

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