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Internacional
Sexta - 30 de Dezembro de 2005 às 12:45

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Mais de 25.000 agentes da ordem estão mobilizados desde hoje na França para tentar impedir que nas festas de fim de ano, normalmente marcadas por incidentes, aconteça a onda de violência urbana do segundo semestre do ano. A França dirá adeus a 2005 e comemorará a entrada de 2006 em estado de emergência, uma situação excepcional na democracia e que, segundo os críticos, não se justifica.

Dois meses depois dos distúrbios registrados nos bairros periféricos das grandes cidades, a noite do dia 31, que na França se caracteriza por incodentes e incêndio de carros - principalmente na Alsácia - servirá de teste para o Governo.

Justamente o "risco de aumento da violência por ocasião das festas de fim de ano" foi a razão alegada pelo Conselho de Estado - máxima autoridade administrativa - para rejeitar no início de dezembro um recurso contra o estado de emergência.

Decretado em 8 de novembro e ampliado por três meses pelo Parlamento, essa medida excepcional ficará em vigor até 21 de fevereiro, exceto se o Governo conservador decidir revogar a medida.

Com distúrbios ou sem eles, o certo é que o fenômeno dos carros incendiados na França, onde cem veículos em média são queimados por noite, ganhou categoria de "esporte nacional" e é um caso único na Europa.

No dia 31 de dezembro de 2004, 330 veículos foram incendiados. No mesmo dia de 2003 foram 324 veículos, e em 2002, 379 veículos, segundo números oficiais.

Com esses antecedentes, como todos os anos, a mobilização policial é extrema, mas durante as festas de fim de ano o esquema foi reforçado nas áreas conflituosas, com mais 6.000 agentes.

O ministro do Interior francês, Nicolas Sarkozy, que deve voltar a Paris amanhã para supervisionar o esquema de segurança, mostra uma certa tranqüilidade.

Essa atitude se justifica porque os serviços de informação franceses não detectaram nenhum sinal que faça crer em uma nova escalada de violência, após inspecionar blogs e mensagens de celular.

Discretamente, a Polícia - com o aval da Justiça - chamou nos últimos dias nas delegacias do departamento de Seine-Maritime (arredores de Paris), por exemplo, todos os indivíduos considerados "de risco" para adverti-los a favor da ordem.

Todos se apresentaram, exceto os que estão presos devido à participação nos distúrbios de dois meses atrás.

Junto com o efeito inibidor da forte presença policial - o dobro da mobilização nas piores noites da revolta de dois meses atrás -, as autoridades de quinze departamentos (províncias) determinaram a proibição de vender combustíveis em vasilhas.

Outro elemento que os prefeitos dos bairros conflituosos e as forças da ordem esperam que ajude a acalmar os jovens é a onda de frio, neve e gelo que atinge grande parte da França, e que pode desanimar até os mais corajosos a ficar pelas ruas.

Se a noite do dia 31 promete ser tranqüila em Paris e arredores, onde foram mobilizados 4.500 agentes no ano passado, nas noites seguintes também reinará a calma no resto da França, segundo o chefe do sindicato de delegados de Polícia, Jean-Marie Salanova.

Para Salanova e muitos de seus colegas, a midiatização é o "combustível do contágio", como aconteceu em meses passados, quando a revolta, que começou em Clicly-sous-Bois (arredores de Paris) após a morte acidental de dois adolescentes, se espalhou para o resto do país.

Muitos meios de comunicação nacionais e estrangeiros organizaram plantões especiais prevendo distúrbios, apesar dos prefeitos insistirem em que as circunstâncias são diferentes.

Agora não existe um elemento concreto no qual possa se sustentar a ira dos jovens, e afirmam que as condições meteorológicas também são radicalmente diferentes.

Com ou sem aumento da violência, a França terminará o ano com cerca de 40.000 veículos incendiados.





Fonte: efe

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