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Polícia Brasil
Quarta - 28 de Dezembro de 2005 às 11:51
Por: Nilton Salina

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Líderes da rebelião no presídio Urso Branco garantiram que já haviam executado 16 detentos que estavam no "seguro". Estes presos eram ameaçados de morte por denunciarem colegas de cela à administração. O Gabinete de Gerenciamento de Crises, formado por representantes do governo do Estado, Vara de Execuções Penais e Comissão de Direitos Humanos, esperava que o controle da casa de detenção fosse retomado no início da noite, porque decidiram atender à exigência dos rebelados: o apenado Ednaldo Paulo de Souza, o "Birrinha", será devolvido ao Urso Branco. Durante a manhã, o governo não admitia oficialmente que haviam mortos no Urso Branco, pois os corpos dos possíveis executados eram transportados com cuidado pelos rebelados. Na rebelião realizada em abril de 2004, que resultou em 14 mortos, os corpos eram jogados de um lado para outro. Na ocasião, "Birrinha" foi apontado pela polícia como o presidiário que decapitou alguns dos executados jogados de cima da caixa d´água. Ele foi condenado a 130 anos de prisão por latrocínio. Os líderes da rebelião, que se informam sobre a divulgação de reportagens através de telefone celular, chamaram a imprensa para a frente do Urso Branco ainda pela manhã e penduraram um corpo na caixa d´água. Aparentemente ficaram perfurando o corpo com "chuços" feitos com ferro retirado das celas. O Gabinete de Gerenciamento de Crises exigia que os presos que viraram reféns dos rebelados fossem libertados e que os 196 visitantes, dos quais 185 são mulheres, deixassem o presídio. Os rebeldes alegavam que os parentes de presos permaneciam no local por livre e espontânea vontade. Os detentos também confeccionaram faixas chamado de covarde o promotor de Justiça Amadeu Sikorski, de 41 anos, e protestando com o que chamam de "transferência covarde". Sikorski havia tentado transferir "Birrinha" do Urso Branco há algumas semanas, mas os detentos ficaram sabendo da intenção do promotor e organizaram rapidamente um rebelião que durou poucas horas, garantindo a permanência do líder no presídio. Na última quinta-feira, Sikorski decidiu agir de surpresa. Ele voltou ao Urso Branco dizendo que queria conversar com "Birrinha" na administração do presídio. O promotor, então, mostrou decisão judicial determinando a transferência do apenado para o presídio de segurança máxima de Nova Mamoré, a cerca de 200 quilômetros de Porto Velho. "Não se trata de transferência covarde. É que não preciso pedir autorização para preso para solicitar transferência de líder de rebelião para outro lugar. Saí do presídio com ´Birrinha´ debaixo do braço porque é muito melhor deixá-lo em um lugar mais seguro. Ele havia fugido do Urso Branco e tinha sido recapturado há pouco tempo", contou Sikorski. O promotor disse lamentar que a administração do presídio tenha se tornado refém dos presidiários. "Eles (os apenados) se reúnem, fazem uma greve e são atendidos. Se somente greve não adiantar, fazem uma rebelião e conseguem o que querem. Do jeito como as coisas estão, é muito melhor entregar logo a administração do Urso Branco para os próprios presos. Aliás, eles já decidem até quem vai e que não vai depor em delegacia e quem pode ficar fora das celas. Quem olhar bem verá que os apenados já estão mandando no presídio", afirmou Sikorski.




Fonte: Estadão

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