Aumento do preço do álcool deve encarecer gasolina, diz economista
Entre dezembro e janeiro, o álcool deverá encarecer de 8% a 10%. Freitas Filho projeta que o encarecimento do álcool combustível fará com que o preço da gasolina fique pelo menos 1% mais caro em 2006. Na prática, isso reflete a influência das cotações da cana-de-açúcar e o aumento na demanda pelo produto, já que cresce a parcela dos automóveis bicombustíveis na frota. "Já entraremos o ano com aumento no álcool", comentou.
O impacto na gasolina pode ser ainda maior. A estimativa do economista leva em conta que os revendedores estão repassando apenas parcialmente o aumento do preço do álcool, reduzindo suas margens. Caso contrário, o encarecimento da gasolina poderia ficar entre 2% e 3% ao longo do ano. Na prática, Thadeu Filho explica que as cotações externas da gasolina estão estáveis e, o câmbio, favorável, o que não deverá levar a Petrobrás a adotar aumentos. Ele conta que, de forma geral, o mercado trabalha com projeções do barril de petróleo no mesmo nível atual, ao redor dos US$ 55. Além disso, os preços internos do produtos estão relativamente elevados, afirma.
O economista comenta que, excetuando o efeito indireto do preço do álcool, a tendência não é de aumento de preços da gasolina. Ele também diz que, mantidas as condições atuais, haveria espaço até para pequena queda. Ontem, ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, declarou ao jornal O Globo, que a gasolina não subirá no ano que vem. Procurada, a Petrobrás não comentou as declarações. "Ele (o ministro) vai acabar acertando que não sobe, não por causa da auto-suficiência, mas porque as cotações estão muito equilibradas e os preços internos até mais altos do que os externos", comentou o economista. "Mas, se o cenário mudar, serão inevitáveis novos aumentos", reconhece o economista.
A avaliação é que a Petrobras manterá sua política de "acompanhar no médio prazo os preços internacionais", conforme nota da estatal, divulgada em meados do mês. "Acho pouco provável a Petrobrás deixar de acompanhar os preços internacionais. Continuar assim é importante no longo prazo, para ter uma política explícita e manter os investimentos no setor". Em recente artigo publicado no Estado, o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, alertou sobre o risco de a auto-suficiência em petróleo ser usada como justificativa para "práticas populistas" na política de preços. "O risco da adoção desse tipo de política aumenta à medida que haverá eleição presidencial no Brasil em 2006", registrou o diretor do centro.
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