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Nacional
Segunda - 26 de Dezembro de 2005 às 07:23

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O Natal é de grande apreensão para 11 deputados federais. Envolvidos no maior esquema de corrupção do Governo Lula, os parlamentares investigados pelo Conselho de Ética da Câmara, por terem se beneficiado do "mensalão", deverão aproveitar o feriado para tentar garantir um milagre.

Valendo-se do "espírito natalino", os deputados planejam intensificar as conversas, triplicar os telefonemas em busca de salvar seus mandatos. A agonia, entretanto, deve durar até o começo de abril, quando deverá ser concluída a votação do último processo de cassação.

A lista de cassáveis inclui ex-pesos pesados, como o ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o presidente nacional do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), o ex-líder do Governo na Casa, deputado Professor Luizinho (PT-SP), além do líder do PP, deputado José Janene (PP-PR).

Também estão com a corda no pescoço os deputados João Magno (PT-MG), José Mentor (PT-SP), Josias Gomes (PT-BA), Pedro Henry (PP-MT), Vadão Gomes (PP-SP); além do pefelista Roberto Brant (MG) e do liberal Wanderval Santos (SP).

Independentemente do cargo que ocuparam e do prestígio que gozaram no meio político, desde que tiveram os nomes citados no escândalo que abalou o Governo Lula, todos caíram no ostracismo.

Hoje, circulam pelo Congresso como fantasmas, estão sempre nos cantos mantendo conversas ao pé do ouvido e não são raras as vezes em que são evitados por muitos colegas, que preferem manter distância.

A situação acabou levando alguns a adotar uma estratégia: andar em grupo para não demonstrar isolamento. Os petistas João Paulo Cunha, Professor Luizinho e José Mentor, os três de São Paulo, que já figuraram na lista do primeiro time da Câmara, para onde vão, estão sempre um ao lado do outro. O deputado Pedro Corrêa (PP-PE) também raramente é encontrado sozinho.

Seja qual for a estratégia, para quem já enfrentou o processo, o esforço não valerá a pena. "Difícil escapar. Todo mundo que tiver um carimbo do esquema do Marcos Valério de Souza não vai escapar", prega o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), primeiro a ser cassado.

Foi o petebista quem denunciou o caixa dois, o "mensalão" e a corrupção envolvendo o Governo e integrantes do PT. Acabou perdendo o mandato por ter revelado que se beneficiou com R$ 4 milhões do esquema.

Os "cassáveis", no entanto, retomaram o fôlego com a decisão do plenário da Câmara de absolver o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) e fazem de tudo para fugir da sina definida por Jefferson. O petebista adotou a discrição durante o processo. Recusou a ajuda dos companheiros de partido que lhe sugeriram apelar ao Supremo Tribunal Federal, o que acabou sensibilizando os colegas que lhe tiraram da UTI.

Tem ainda quem apele para algumas virtudes. É o caso dos deputados Roberto Brant (PFL-MG) e Pedro Corrêa (PP-PE), que usam a simpatia para tentar reverter a tendência pela cassação. Brant também já apelou para o emocional, ao dizer que abandonará a vida pública se for cassado. Com um grave problema cardíaco, o deputado José Janene (PP-PR) tenta sensibilizar os colegas. Porém, foi descoberto que, apesar da saúde abalada, ele conseguiu encaminhar emendas ao Orçamento Geral da União.

Acusado de ter enviado o motorista para retirar R$ 150 mil das contas de Marcos Valério, o deputado Wanderval Santos (PL-SP) acusa seu ex-líder, o ex-bispo Carlos Rodrigues (PL-RJ) de tê-lo forçado a sacar o dinheiro. Assim, ele espera escapar da punição, uma vez que se disse vítima.

Veja as acusações que pesam sobre cada um deles:

Parlamentares do PT

João Magno (MG) - É acusado de ter recebido R$ 50 mil das contas do empresário Marcos Valério de Souza. Ele admitiu ter utilizado o dinheiro para pagar contas de sua campanha para a Prefeitura de Ipatinga (MG).

João Paulo Cunha (SP) - Foi denunciado por ter sacado R$ 50 mil do Banco rural, onde Marcos Valério mantinha contas. Mudou a versão do saque e depois reconheceu que o dinheiro foi utilizado para pagar contas de campanha do PT em Osasco, no ano passado.

José Mentor (SP) - É acusado de ter recebido, por intermédio de seu escritório de advocacia, R$ 120 mil. Porém, o deputado afirmou que seu escritório prestava serviços para empresa 2 S (de propriedade de Marcos Valério), daí a origem do pagamento.

Josias Gomes (BA) - Denunciado por ter ido pessoalmente sacar R$ 50 mil do Banco Rural. Para se defender afirmou que o dinheiro foi usado para pagar dívidas de campanha de 2002.

Professor Luizinho (SP) - É acusado de ter sido beneficiado por R$ 20 mil sacados da agência do Banco Rural. O dinheiro teria sido usado para o Caixa 2 em campanhas.

Parlamentares do PP

José Janene (PR) - O líder da bancada, que está convalescente de uma cirurgia cardíaca, é acusado de ter sido beneficiado com R$ 4,1 milhões que teriam sido sacado por um assessor seu.

Pedro Corrêa (PE) - Apesar de não ser apontado como sacador, foi responsabilizado por participar do esquema de arrecadação de dinheiro. Reconheceu ter recebido R$ 700 mil de Janene para pagar advogados.

Pedro Henry (MT) - Foi acusado pelo ex-deputado Roberto Jefferson de ser um dos distribuidores do "mensalão". Também teria pressionado o PTB para participar do esquema. O deputado nega as acusações.

Vadão Gomes (SP) - É acusado de ter sido beneficiado com o repasse de R$ 3,7 milhões. Mas negou todas as denúncias, inclusive autorizando sua quebra de sigilo.

Parlamentar do PFL

Roberto Brant (MG) - É acusado de ter recebido R$ 102 mil, por intermédio de um ex-assessor do deputado na sua campanha à prefeitura. Segundo o assessor, o dinheiro foi contabilizado como doação da Usiminas.

Parlamentar do PL

Wanderval Santos (SP) - É denunciado por ter recebido R$ 150 mil das contas de Marcos Valério. Em sua defesa, ele ataca o ex-bispo Carlos Rodrigues de tê-lo pressionado a sacar o dinheiro.




Fonte: Agência Nordeste

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