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Sábado - 24 de Dezembro de 2005 às 14:15
Por: RODRIGO VARGAS

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Aos mais jovens, a menção de seu nome talvez só remeta à imagem do estádio de futebol que os torcedores cuiabanos apelidaram "Verdão". Quem viveu as décadas de 1970 e 1980, porém, dificilmente deixará de recordar a atuação de um dos mais importantes personagens da política mato-grossense.

Deputado estadual, deputado federal, governador, senador e, em duas oportunidades, presidente da República em exercício, José Manuel Fontanilla Fragelli - que completará 90 anos no próximo dia 31 de dezembro - teve participação ativa em episódios que marcam a história de Mato Grosso e do Brasil.

Como governador, recuperou as finanças públicas do Estado, resgatou a credibilidade de empresas estatais como a Cemat e iniciou o desafio da construção do Centro Político e Administrativo (CPA). Em março de 1985, então senador por Mato Grosso do Sul, deu posse ao primeiro governo civil após trinta anos de regime militar.

POLÍTICO - Nascido em Corumbá (MS), em 1915, Fragelli formou-se em Direito na tradicional faculdade do Largo do São Francisco, em São Paulo. De volta à sua terra, em 1938, atuou por quatro anos como promotor de justiça em Campo Grande. Neste período, também dava aulas e dirigia o Colégio Osvaldo Cruz.

"Era uma pessoa de cultura profunda e um brilhante advogado", relata o professor Aecim Tocantins, que ocupou o cargo de secretário-chefe da casa Civil durante boa parte do governo Fragelli e é um de seus maiores admiradores - tem em arquivos todos os seus discursos no senado.

Tocantins conta que a primeira eleição de Fragelli, para deputado estadual, foi o que o levou a mudar-se para a capital, Cuiabá. Na Assembléia Legislativa, tornou-se o líder do governo do udenista Fernando Corrêa da Costa, de quem mais tarde seria também o secretário de Interior, Justiça e Finanças.

Ao final deste governo, chegava à Câmara Federal como o segundo candidato mais votado. A ascensão rápida é creditada à sua capacidade de traçar cenários futuros, planejar. "Ele tinha uma visão ampla de Mato Grosso, de suas necessidades e potencial. Isso representava um diferencial muito grande em relação a outros políticos".

Quando concluiu seu mandato federal, Fragelli chegou a pensar em abandonar a política. "Eu não tinha mais idoneidade financeira, ou em outras palavras, dinheiro para continuar", disse, em entrevista concedida ao DIÁRIO em 2001.

Mais tarde viriam a presidência estadual da Arena e, por indicação do presidente nacional da sigla, o também mato-grossense Filinto Muller - seu adversário político em outros tempos - o cargo de governador de Mato Grosso em 1971.

GOVERNO - A tarefa era das mais árduas, pois o Estado estava mergulhado em uma grave crise financeira. "Mato Grosso estava inteiramente combalido. Mais de 90% da receita tributária estava comprometida com o pagamento de dívidas", recorda-se Tocantins. "Para recuperar o crédito público, foi preciso governar com austeridade".

O professor guarda até hoje consigo os exemplos do que considera a principal marca do governo Fragelli. São cópias do Plano do Desenvolvimento Econômico e Social de Mato Grosso e do Plano de Desenvolvimento Integrado da região de Cuiabá.

"Isso é planejamento, mas também é uma amostra da prática daquele governo. Fragelli substituiu o empirismo que reinava nas ações de governo por estudos técnicos e análise. Não admitia que o Estado continuasse no atraso", avaliou Tocantins, que chegou a chorar durante seu depoimento. "Até hoje me emociona ter tido a chance de participar daquele governo".

Na entrevista que concedeu ao DIÁRIO em 2001, Fragelli avaliou sua administração como "modesta, porém organizada". "Fiz um bom governo. Quando eu passava na rua, o povo de Cuiabá me aplaudia".





Fonte: Diario de Cuiabá

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