Soldados franceses podem ter matado inocente na Costa do Marfim

A ministra da Defesa francesa, Michele Alliot-Marie, assinalou hoje que foi aberta uma investigação para determinar se o homem assassinado em maio por soldados franceses na Costa do Marfim era o criminoso procurado.

A ministra confirmou assim uma informação divulgada hoje pelo jornal Le Monde, que revela a detenção na Costa do Marfim de Nestor Mahé em 19 de maio, seis dias após Firmin Mahé ter morrido asfixiado com um saco plástico no interior de um veículo blindado francês da força de paz Licorne.

Nestor Mahé está preso desde então e agora se levanta a possibilidade de que ele tenha sido o autor de vários assassinatos e na área vigiada pela missão Licorne. Caso seja confirmada essa tese, mantida pelo advogado da família de Firmin Mahé, os soldados franceses teriam matado um inocente.

v "Há uma investigação em curso, mas é necessário assinalar que há muita gente chamada Mahé (na Costa do Marfim) e isso não mudaria nada o problema jurídico", disse Alliot-Marie à imprensa ao término do Conselho de Ministros.

A investigação realizada pela gendarmaria da missão Licorne foi solicitada pela juíza parisiense instrutora do assassinato de Firmin Mahé, que processou cinco militares franceses, entre eles o então responsável pela força Licorne, o general Henri Poncet, acusado de "cumplicidade em homicídio".

Sua acusação se baseia nas declarações do coronel Eric Burgaud, também acusado de "cumplicidade de homicídio doloso" pela morte de Mahé.

Burgaud explicou à juíza que o general Poncet, que nega as acusações, deu-lhe implicitamente a ordem de assassinato e que ele a transmitiu aos três soldados que detiveram Mahé.

Dois deles, o que colocou o saco plástico na cabeça e o que segurou Mahé, são acusados de "homicídio doloso", enquanto o motorista do veículo foi processado por "cumplicidade em homicídio doloso".