Narcotraficante é condenado a 20 anos de prisão no Peru

O empresário peruano Fernando Zevallos, considerado pelos Estados Unidos um dos dez narcotraficantes mais perigosos do mundo, foi condenado na segunda-feira à noite no Peru a 20 anos de prisão.

O dono da extinta companhia aérea Aerocontinente foi condenado pelos crimes de narcotráfico e lavagem de dinheiro e por seu vínculo com o cartel das drogas de "Os nortistas", liderado pelos irmãos Jorge "Tio George" e "Tito" López Paredes.

O ex-ministro do Interior peruano Fernando Rospigliosi disse à EFE que esta condenação "é um marco" que "põe fim" à rede de corrupção que rodeou seu caso desde 1995. Rospigliosi disse que um fato que ajudou na condenação foi a inclusão de Zevallos na lista contra drogas do Governo dos Estados Unidos, em junho de 2004.

Zevallos foi levado à prisão do Palácio de Justiça, de onde será enviado pelas autoridades judiciais a um prisão de segurança máxima, onde se evitará que entre em contato com seus seguidores que estão em liberdade, supostamente contratados por Zevallos para matar as testemunhas que depuseram contra ele.

Fernando Zevallos foi declarado culpado de ter recebido US$ 1,5 milhão da gangue "Os nortistas" para comprar um avião e enviar cocaína nos vôos de sua companhia aérea a México, EUA e Europa. Além disso, a Justiça peruana ordenou o pagamento de cem milhões de sóis (US$ 29,4 milhões) ao Estado.

Após escutar a decisão do júri, Zevallos disse que a sentença foi ditada "para a imprensa" e comunicou sua decisão de apresentar um recurso de nulidade da sentença.

Zevallos, considerado um dos chefes do narcotráfico na América Latina, vivia à margem da lei desde 1995, quando foi atribuída a ele uma carga de 3,5 toneladas de cocaína que a gangue de "Os nortistas" enviaria aos Estados Unidos.

O fato colocou em evidência a companhia aérea que fundou com sua família, a Aerocontinente, que ficou famosa na segunda metade da década de 90 por seus preços baixos, que a levaram a dominar o mercado peruano e entrar no do Chile.

Em junho de 2004, após deixar o Chile sob acusações de concorrência desleal e lavagem de dinheiro, a companhia aérea deixou de operar no Peru, em grande parte por causa da ameaça da Casa Branca de abrir processos contra as empresas que apoiassem suas atividades comerciais e pela inclusão de Zevallos na lista de traficantes dos EUA.

Agora, Zevallos é condenado por narcotráfico, enquanto está em andamento outro processo em que é acusado de ser o mandante do assassinato de várias testemunhas que depuseram contra ele.