Novo Governo deve reunir todos os grupos iraquianos, diz Talabani

O presidente do Iraque, Jalal Talabani, recomendou hoje a formação de uma ampla coalizão de Governo que reúna todos os grupos do país, porque, na opinião dele, a fórmula curdo-xiita não funcionou.

Em entrevista coletiva oferecida em Bagdá, o presidente também reiterou que não aceitará um cargo "testemunhal", e que renunciará à reeleição se as prerrogativas e poderes presidenciais não forem ampliados.

"Queremos que o próximo Governo seja uma grande coalizão que represente todas as listas, para que possamos cumprir nossas obrigações sobre segurança, prosperidade, luta contra a corrupção e reconstrução do país", afirmou Talabani.

"No Iraque, não pode existir um Governo de uma maioria que ignore uma minoria", disse.

Os sunitas, minoritários no país, ficaram fora do Governo durante o período de transição após boicotar as eleições de 30 de janeiro passado.

Onze meses depois, o grupo decidiu participar das eleições de 15 de dezembro passado para consertar o que disseram ter sido um "erro" e tentar conseguir força suficiente para influir no futuro do país.

Talabani também disse hoje que o próximo Executivo deve surgir de um processo de negociação que delineie linhas claras, para evitar que os curdos voltem a sentir frustrados como agora, pois consideram que o Governo do xiita Ibrahim al-Jaafari não cumpriu algumas de suas promessas.

"O novo Executivo deverá privilegiar as políticas econômicas e de segurança", disse Talabani.

Sobre os resultados parciais anunciados na segunda-feira pela Comissão Eleitoral Independente, o presidente disse ser lógico que alguns grupos possam colocar objeções, mas ressaltou que este órgão é responsável por decidir a força vencedora.

"É poder da comissão decidir quem é o vencedor nas eleições", disse.

Depois, o Conselho Presidencial - formado pelo presidente e pelos dois vice-presidentes - é obrigado a pedir que a coalizão vencedora forme Governo, lembrou.

Segundo os resultados parciais anunciados na segunda-feira pela comissão, a Aliança Unida Iraquiana - majoritária no atual Executivo - aparece em primeiro lugar em Bagdá e em outras sete províncias do país, enquanto os curdos têm grande vantagem no norte, como nas eleições anteriores.

A principal aliança sunita denunciou hoje, que os números foram manipulados, e anunciou que está disposta a pedir novas votações, pelo menos em Bagdá.

Sobre sua possível reeleição, Talabani disse que só aceitará se tiver mais poderes.

"Não aceitarei um cargo meramente representativo, pois os iraquianos esperam algo mais de mim", disse.