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Terça - 20 de Dezembro de 2005 às 06:56

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Sites de pornografia infantil nos quais os próprios adolescentes se exibem via Webcam se tornaram um lucrativo negócio na Internet. A iniciativa já deu origem até a jovens estrelas do pornô na Web - com apelidos como Riotboyy, Miss Honey e Gigglez - cujas imagens continuam a ser vendidas online mesmo muito tempo depois dos sites terem sido fechados. Agora, um jovem que antes se exibia em frente à câmera para ganhar dinheiro está ajudando a combater este mercado e a identificar e prender adultos que se aproveitam dele.

Neste mundo online, adolescentes anunciam as datas de sua próxima masturbação para clientes que pagam taxas pela performance ou assinaturas mensais de acesso aos sites. Consumidores mais "famintos" podem, até mesmo, pagar por "shows privês", nos quais os jovens realizam performances sexuais enquanto seguem as instruções do cliente que os assiste em tempo real.

Em reportagem publicada hoje, o jornal The New Yor Times conta a história do garoto Justin Berry que, aos 13 anos, topou receber US$ 50 de um amigo - adulto - com quem conversava via Internet para, simplesmente, tirar a camiseta e ficar em frente à câmera com o torso nu por três minutos. Foi um dinheiro fácil, e Justin passou a ganhar a vida assim, exibindo-se a partir de seu quarto. Da sedução inicial, o excelente jogador de futebol na escola mergulhou no mundo da performance sexual e passou a tirar a roupa, tomar banho, masturbar-se e até mesmo ter relações sexuais - tudo em frente à câmera para uma audiência de mais de 1,5 mil pessoas que pagaram a ele, ao longo dos cinco anos de sua "carreira", centenas de milhares de dólares.

Justin revelou, em entrevistas, a existência de uma rede de mais de 1,5 mil homens que pagam por imagens online como as dele, além de evidências sobre outras crianças de 13 anos que vêm sendo exploradas ativamentes. O jornal persuadiu Justin a abandonar seu negócio e ajudou-o a contactar o Departamento de Justiça. O adolescente, agora, colabora com a investigação. Os agentes da lei dizem que, graças à cooperaçao de Justin, eles têm um raro guia neste mundo online diferenciado. "Não queria que essas pessoas ferissem mais nenhuma criança", disse Justin logo depois de decidir se tornar uma testemunha nesta investigação federal. "Não quero que mais ninguém viva a vida que vivi".

O jornal realizou uma investigação durante seis meses nesta "esquina" da Internet, e descobriu que esses sites cresceram largamente sem chamar a atenção dos agentes da lei ou das associações de proteção à infância e juventude. Enquanto os experts na área testemunhavam um crescimento sem precedentes das atividades ilícitas, não perceberam a evolução de sites nos quais menores vendem sua própria imagem em troca de dinheiro.

Entrar neste mundo é muito simples: as webcams custam a partir de R$ 60, e o número de aparelhos como esses em uso multiplicou-se de tal forma que o IDC calcula que haja pelos menos 15 milhões deles por aí. Somem-se a isso os programas de mensagens instantâneas e as conexões de alta velocidade, resultando na transmissão muito rápida de imagens - cada vez mais comum. Há até o caso de jovens que se mostram nus na Web como uma brincadeira, ou até mesmo como um "presente" para o parceiro, e descobrem depois que suas imagens estão sendo exibidas em sites pagos de pornografia.

A escalada da pornografia infantil via Webcam é desconhecida, porque é nova e extremamente cheia de códigos e segredos. Um portal online que traz propaganda de sites pagos de imagens de webcams, muitos deles pornográficos, lista pelo menos 585 sitres criados por adolescentes, de acordo com os registros internos. Uma nota sobre adultos atraídos por adolescentes em um site retornou, no espaço de uma semana, pelo menos 98 fotos postadas por menores.

A reportagem original do New York Times, em inglês, pode ser lida aqui (é necessário um registro gratuito para ter acesso à reportagem).




Fonte: Terra

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URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/329707/visualizar/