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Saúde
Terça - 20 de Dezembro de 2005 às 06:44

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As autoridades sanitárias do mundo inteiro se mobilizam para controlar as múltiplas e crescentes infecções causadas nos hospitais pelo Staphilococcus aureus resistente ao antibiótico meticilina e derivados (SARM).

O SARM foi um dos temas predominantes da 45ª conferência anual sobre Agentes Antimicrobianos e Quimioterapia (ICAAC), celebrada neste fim de semana em Washington e da qual participaram 9 mil pesquisadores e representantes de laboratórios farmacêuticos de 80 países.

Nos Estados Unidos, estima-se que dois milhões de pessoas contraem infecções anualmente durante sua permanência em centros de saúde, das quais 300 mil relacionadas com o SARM. De acordo com o Centro de Controle de Doenças (CCD) americano, o número de óbitos por infecções chega a 90 mil ao ano, 12 mil 0 causadas pela superbactéria.

Na maioria dos casos, o SARM, que se concentra nas vias nasais e geralmente é transmitida por contato com a pele, causa infecções cutâneas, mas também pode provocar doenças mais graves como pneumonias e septicemias, afetando com mais freqüência crianças e idosos.

O SARM desenvolveu uma resistência antimicrobiana pouco depois de o uso da penicilina, o primeiro antibiótico, se generalizar nos anos 40. Nas duas décadas seguintes, este agente patogênico adquiriu uma resistência crescente à penicilina e a todos os seus derivados semi-sintéticos. Ainda mais preocupante, esta bactéria recentemente tem mostrado sinais de resistência à vancomicina, único tratamento ao qual era vulnerável.

O uso excessivo de antibióticos na verdade agravou o problema, disse em entrevista coletiva Michel Pearson, diretora do CCD para quem, nos últimos vinte anos, o SARM se espalhou em todos os hospitais e centros de saúde do mundo.

No entanto, o problema não se limita mais aos hospitais. Há alguns anos, nos Estados Unidos, por exemplo, os casos de infecções atribuídas ao SARM se multiplicam em centros geriátricos, times de futebol americano e prisões, segundo Daniel Jernigan, epidemiologista do CCD.

Segundo Pearson, nos Estados Unidos estão em andamento estudos para determinar os melhores meios de combater esta epidemia. Entre elas, mencionou a vigilância de cultivos de SARM no pessoal sanitário e nas doenças, assim como a aplicação de regras básicas de higiene.

Embora a bactéria seja a principal causa de infecções transmitidas pelas mãos, um estudo feito durante três anos em um hospital de Atenas, apresentado durante a conferência pela doutora Helen Giamarellu, do hospital universitário Attikon, mostra que a proporção de médicos que desinfetam as mãos antes de atender a um doente nunca supera os 25%.

Diante desta situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e seus parceiros na Aliança Mundial pela Segurança dos Hospitalizados, conduzem uma campanha em 2005 e 2006 batizada "Cuidados na limpeza, cuidados mais seguros".

Esta estratégia compreende a elaboração de um guia sobre higiene das mãos por especialistas mundiais, entre eles antropólogos, que também levaram em conta os fatores culturais e religiosos que podem ter influência determinante para sua aplicação.

"Está claro que fatores culturais e em certa medida religiosos influenciam fortemente na forma e na freqüência com as quais o pessoal médico lava as mãos", disse Benedetta Allegranzi, consultora da OMS.

O guia recomenda energicamente, por exemplo, que médicos e enfermeiras utilizem uma solução de água alcoolizada para garantir uma desinfecção rápida e eficaz de suas mãos antes de tocar um paciente.

No entanto, o uso do álcool é proibido pelo Islã, o budismo, o hinduísmo e a religião sikh, embora no Corão, o álcool também esteja caracterizado como fonte de virtudes medicinais, razão pela qual é neste sentido é considerado permitido. Os autores do estudo destacaram, ainda, que a reticência dos muçulmanos se observa com mais freqüência na Europa do que nos próprios países muçulmanos.

Na Europa, o SARM afeta sobretudo os países do sul, entre eles Espanha, Itália e França, mas também a Grã-Bretanha, onde a situação se tornou alarmante, disse à o doutor Vincent Jarlier, do grupo francês Pitié-Salpétrière, que tem 39 hospitais.

O SARM usa como hospedeiros cães e gatos, assim como cavalos, disse Scott Weese, veterinário canadense também presente na reunião.

Os laboratórios trabalham no desenvolvimento de novos antibióticos contra o SARM, o primeiro dos quais, a tigeciclina, fabricada pelo americano Wyeth Pharmaceutical, acaba de ser lançado no mercado.




Fonte: AFP

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