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Nacional
Terça - 20 de Dezembro de 2005 às 04:25
Por: Clarissa Thomé

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Rio de Janeiro - Com dois anos e meio de atraso, moradores da Cidade dos Meninos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, começaram a receber nesta segunda o resultado de exames de sangue feitos para identificar a contaminação por organoclorados - compostos sintéticos derivados do petróleo usados para fazer pesticidas. Os 1.400 moradores da comunidade estão expostos a 300 toneladas desses produtos desde a década de 60, quando uma fábrica do Ministério da Saúde foi desativada e abandonada. Do total, 900 estariam contaminados.

A dona de casa Alice Oliveira da Cunha, de 68 anos, que vive ali há 24, foi surpreendida pelo alto índice de contaminação em seu sangue. Quando o máximo aceitável é 20 nanogramas por mililitros (ng/ml), Alice apresenta 60,09 ng/ml e 93,95 ng/ml para alfa HCH e beta HCH (variações de hexaclorohexano, conhecido como pó de broca). Esses componentes podem estar associado ao surgimento de doenças como câncer.

Alice tem horta e criação de 20 galinhas, que fornecem ovos e carne para a família. "Eles colheram amostras do ovo, das galinhas, da água. Mas nunca voltaram para dizer que a gente não podia consumir." Ela tem diabete, hipertensão e investiga a causa de uma disfunção hepática.

Acordo firmado entre o governo federal, estadual e a prefeitura de Duque de Caxias estabelece que as pessoas contaminadas serão atendidas no posto de Saúde da Família da região e encaminhadas para serviços de referência, caso adoeçam.

Entre 1947 e 1965 o Instituto de Malariologia fabricava pesticidas para controlar insetos causadores da malária, febre amarela e doença de Chagas. Com a desativação, o pó de broca ficou ao relento. Em 1994, o governo federal jogou cal sobre o organoclorado, o que piorou a situação. A reação química provocou o surgimento de novos compostos contaminantes.




Fonte: Agência Estado

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