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Segunda - 19 de Dezembro de 2005 às 16:20

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Santo Antonio do Leverger teve uma noite agitada no domingo (18/12). Manifestações da cultura popular desse município rio abaixo levaram pelo menos duas mil pessoas a um palco improvisado em frente à Casa do Artesão para assistir grupos de siriri, cururu e reza cantada. A iniciativa foi da Secretaria de Estado de Cultura, em parceria com a Prefeitura local e a finalidade era documentar as manifestações, mas mídias audiovisual e fonográfica, para produzir um CD e um DVD.

O Caminhão da Cultura, outro projeto apoiado pela SEC, que percorre todo o estado, serviu de palco para os grupos que se revezavam, com um tempo aproximado de doze minutos cada. “Este projeto é o retorno do imposto que é pago ao Governo do Estado por todos vocês”, disse o secretário João Carlos Vicente Ferreira, que estava presente e subiu ao palco para se pronunciar rapidamente. Ele elogiou a riqueza da cultura popular regional. Representantes do Legislativo e do Executivo de Leverger também acompanharam as apresentações.

Andores com santos, violas de cocho, ganzás e mochos, chapéus, vestidos de chita são os instrumentos musicais, figurinos e adereços cênicos utilizados nessas manifestações seculares comuns na maior parte dos municípios da Baixada Cuiabana. As origens desses folguedos e da fé praticados pelo povo simples e alegre advêm de datas longínquas e vêm resistindo ao tempo, soberbamente, em geral, transmitidos de pai para filho.

O siriri, comumente caracterizado como folguedo, transmite-se através das gerações com mais facilidade, por ser mais alegre. Já o cururu e a reza cantada encontram mais dificuldades para se perpetuar, daí a importância de se registrar através de documentos audiovisuais e sonoras essas manifestações. Os artistas populares que participam dessas encenações e cantorias são conscientes do risco de desaparecimento que essas tradições correm e aplaudiram satisfeitos a iniciativa.

“Uma beleza. Para nós da terceira idade é uma grande alegria participar”, disse Albertina Maria de Amorim, de Varginha, comunidade próxima a Santo Antonio. “Acho muito importante isso. É um incentivo pra nós seguirmos cantando e tocando e também para os vindouros”, destaca José de Arruda, de Leverger, cururueiro. Jacinto Soares Plácido, conhecido como presidente do cururu em Leverger, agradeceu com um sorriso espontâneo: “Eu aprendi com meu pai, quando tinha 12 anos. Hoje é mais difícil os jovens se interessarem, mas acho que isso aqui vai ajudar na renovação”, aposta ele.

Apesar da preocupação dos mais idosos com a perpetuação dessa cultura popular, o que se percebe é que em Santo Antonio muitos jovens ainda aderem a essas manifestações, como é o caso de Josiane Alves dos Santos, uma adolescente que começou a dançar o siriri com treze anos. “Acho legal isso, porque vai atrair mais dançarinos, cantores e tocadores", disse ela. Da mesma forma pensa Edivan Gelson Libanio, tocador de ganzá, de 16 anos: “Aprendi com meu avô”.

“Siriri e cururu é a nossa tradição... Siriri batendo palma, cururu com pé no chão”, diz uma das cantorias preferidas e que nunca falta nestas ocasiões. Mais de dez grupos de Leverger e de várias comunidades do município participaram da gravação.





Fonte: 24HorasNews

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