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Internacional
Quarta - 14 de Dezembro de 2005 às 09:55

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Mais de 15 milhões de iraquianos vão às urnas na quinta-feira, pela terceira vez este ano, para eleger um novo Parlamento, que porá fim ao processo de transição traçado pelos Estados Unidos.

Em meio a uma violência que não cessa, mais de 7.650 candidatos pertencentes a 228 grupos políticos (18 deles coalizões) competem pelas 275 cadeiras que compõem a Câmara. Na terça-feira, um dos candidatos sunitas foi assassinado a tiros em Bagdá.

Do total de cadeiras da Câmara, no entanto, 45 estão reservadas para as comunidades minoritárias, como as diferentes correntes cristãs (que representam 3% dos 26 milhões de habitantes do país), os sabeus e os zaidis. O objetivo é que não se repita o resultado das eleições de janeiro e estes grupos fiquem de fora do Parlamento.

A nova Assembléia substituirá a eleita em janeiro, encarregada de realizar um processo de transição que aumentou o fosso que separa as diferentes comunidades.

É possível que parte da comunidade sunita, que boicotou as eleições anteriores e o plebiscito sobre a nova Constituição, realizado em outubro, participe deste processo. Cerca de mil clérigos sunitas emitiram dias atrás uma "fatwa" (édito religioso com caráter de lei), em que disseram que votar constitui um dever.

Ainda assim, as grandes alianças xiitas e curdas voltam a ser as favoritas para as eleições, após terem conseguido a maioria das cadeiras do Parlamento nas eleições de janeiro e assumirem o Governo depois de anos de opressão pelo regime de Saddam Hussein, que se apoiou nos sunitas.

De todas elas, a grande favorita é a Aliança Unida Iraquiana, liderada por Abdel Aziz al-Hakim, líder do principal grupo xiita do Iraque. Por esta aliança concorre o atual primeiro-ministro, o xiita Ibrahim al-Jaafari, líder do partido radical Al-Dawa.

Seu principal adversário é a coalizão formada pelo ex-primeiro-ministro Iyad Allawi, chefe do Governo que dirigiu o país entre a devolução de soberania pelos EUA e a realização das primeiras eleições. Diversas fontes afirmaram que a Casa Branca veria com bons olhos se o homem escolhido por esse país voltasse a tomar as rédeas do Iraque.

Allawi concorre em uma heterogênea aliança que reúne figuras de todas as comunidades, inclusive líderes sunitas de renome como o ex-presidente Ghazi al-Yawar; o líder do Partido Comunista, Hanid Magui, e o presidente do Parlamento em fim de mandato, o também sunita Hachim al-Hassani.

O terceiro político xiita na disputa é o polêmico Ahmad Chalabi, vice-primeiro-ministro, líder do partido do Congresso Nacional Iraquiano e favorito dos EUA antes da guerra.

Nenhum dos três conta com o apoio explícito do líder espiritual dos xiitas no Iraque, o grande aiatolá Ali al-Sistani, que desta vez se manteve afastado do processo.

Por outro lado, os sunitas competem reunidos na coalizão Frente de Consenso Iraquiano, fundada em outubro e liderada pelo Partido Islâmico do Iraque, principal grupo sunita do país.

Os observadores da região consideram cruciais as eleições de amanhã, pois, na sua opinião, servirão de termômetro do grau de envolvimento dos iraquianos no processo democrático, apesar da violência incessante.

Durante as eleições serão implantadas medidas de segurança sem precedentes para facilitar a participação e garantir o trabalho dos observadores internacionais.

Alguns grupos radicais, como o terrorista Exército Islâmico do Iraque, prometeram não atacar os centros eleitorais, mas outros, como o braço da Al Qaeda no Iraque, consideram necessário atacar um processo que consideram ilegítimo.




Fonte: EFE

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