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Segunda - 12 de Dezembro de 2005 às 17:43
Por: ADILSON ROSA

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De dentro das penitenciárias, os chefes de bando estão comandando o roubo de veículos – principalmente caminhões e picapes importadas - na Grande Cuiabá. Por mês, uma média de 10 picapes são levadas de seus proprietários. A polícia sabe que a ordem para os roubos sai via telefone celular da Penitenciária Regional de Pascoal Ramos. Dois chefes de quadrilhas se “associaram” para comandar os roubos e levar veículos até a Bolívia. Em 10 meses, a PM apreendeu 173 celulares nas unidades prisionais da Grande Cuiabá - a maior parte no Pascoal Ramos.

A prova maior ocorreu na semana passada. Um caminhão Mercedes-Benz foi roubado na região do posto fiscal Flávio Gomes, na BR-364. O motorista, que mora no Rio Grande do Sul, recebeu vários telefonemas de bandidos que queriam devolver o caminhão, mas por um “preço módico”. Exigiram R$ 10 mil, mas não disseram onde iriam deixar o veículo, avaliado em R$ 130 mil.

O bandido, que se identificou como “Romeu”, forneceu vários números de telefones celulares. Ao checar, a PM descobriu que são todos clonados e as ligações partiram de dentro da Penitenciária de Pascoal Ramos. Uma revista foi realizada, mas nada se encontrou.

Conforme as investigações realizadas pela Polícia Militar, enquanto um cuida de localizar os receptadores, o outro recruta quem irá praticar o roubo. Para isso, fornece armas e os ladrões devem apenas entregar o veículo ainda na capital. Embora a polícia tenha informações seguras, as provas não são suficientes para o indiciamento.

“O que temos é que um conhecido chefe de roubo de picapes que está preso no Pascoal Ramos. E junto dele, um conhecido ladrão que comanda roubos de dentro do presídio. Com essa associação, estão roubando veículos e mandando para a Bolívia”, disse um policial.

O roubo comandado de dentro das penitenciárias aumentou a partir de julho, período em que um dos maiores chefes de roubo foi preso e recolhido em Pascoal Ramos.

Conforme as investigações, o esquema é simples. Através de um celular clonado, um dos chefões contata os possíveis receptadores na Bolívia. Combina o preço, a marca e modelo. Ainda de dentro da Penitenciária, o outro chefe de bando liga para seus contatos do lado de fora. Este recruta os ladrões apenas para fazer o roubo.

De imediato, o veículo é repassado para outras pessoas, ainda em Cuiabá. Essas se encarregam de levá-las até a Bolívia. Com isso, deixa a polícia sem saber quem planejou o roubo, pois os principais suspeitos já estão atrás das grades.

O que chama a atenção é que a organização criminosa está aliciando jovens que antes participavam de assaltos comuns – a pedestres, estabelecimentos comerciais e na saída de bancos - e estão sendo treinados para o roubar veículos.

O roubo da picape de um promotor de Justiça ocorrido há cerca de três meses teria o dedo do crime organizado que age dentro dos presídios. O veículo não foi localizado e a polícia tem informações de que chegou às mãos de traficantes bolivianos.

Conforme policiais da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (Derrfva), há cerca de dois meses uma dupla de ladrões de veículos foi presa. De início, apontaram os dois chefes presos no Pascoal Ramos como responsáveis, mas na hora de assinar o depoimento, recuaram e se reservaram no direito de falar somente em juízo.

Conforme o levantamento da PM, para diminuir o poder dessa organização criminosa, bastaria evitar a entrada de telefones celulares nos presídios, mas a própria polícia admite que essa meta está longe de ser atingida.

Para se ter uma idéia do volume de celulares apreendidos, no final de novembro, numa ala de 30 presos na cadeia pública do Carumbé, os militares fizeram uma revista de rotina e localizaram oito celulares e três carregadores.





Fonte: Diário de Cuiabá

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