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Economia
Sexta - 09 de Dezembro de 2005 às 15:17
Por: Rita Tavares

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São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera "um erro" a inexistência de outros mecanismos, que não sejam os juros, para controlar a inflação. Em entrevista à revista Carta Capital, defendeu a adoção de outros instrumentos, o que aliviaria o trabalho do Banco Central.

Segundo ele, o Brasil tem "um único instrumento e isso é um erro, o Banco Central para controlar a inflação através dos juros". "Precisamos nos dotar de mecanismos para controlar a inflação sem permitir que os juros sejam o instrumento exclusivo", afirmou o presidente. Ele citou, logo em seguida, a redução da alíquota de importação de aço, que "estava aumentando muito", como medida correta nesse sentido.

Crescimento em 2006 Lula acredita que o Brasil tem condições de crescer 5% ou mais em 2006. "Economista é que faz prognóstico, mas tenho dito para todo mundo que não tem por que o Brasil não crescer 5%, ou acima de 5%, em 2006, não tem por quê", afirmou Lula, na entrevista de doze páginas à revista que está chegando às bancas hoje.

O presidente disse que as condições para o crescimento estão dadas e, em seguida, listou: a inflação está controlada, o comércio externo forte e não "temos mais pressão no FMI vindo aqui e dizendo o que temos de fazer".

Queda do PIB Mais uma vez, Lula admitiu a decepção com a queda de 1,2% do PIB no 3º trimestre, dizendo que esperava um recuo, mas não tão forte. "Eu esperava que não caísse tanto, esperava que até chegasse a zero", disse. Mas, logo em seguida, citou indicadores de atividade referentes ao 4º trimestre para demonstrar otimismo em relação ao PIB nesta reta final de 2005.

Palocci Ele discordou da tese de que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, tenha o apoio da elite, do empresariado brasileiro. Para o presidente, isso é uma "meia-verdade". "Eu, pelo menos, acho que se não fosse o Palocci a gente não teria chegado nessa situação de confiabilidade do Brasil", disse, em defesa do ministro.

Em seguida, o presidente fez uma advertência: "Mas veja uma coisa: o que essa elite vendeu nos últimos 90 dias? Vendeu a idéia de que, se a economia está bem, não é por conta do governo. Donde então não precisam mais do Palocci. E aí começaram a cutucar-lhe a vida", disse Lula, mostrando preocupado com investigações sobre o passado do ministro.

"Eu estou preocupado, porque daqui a pouco eles vão querer analisar o passado do Palocci, e se ele não cometeu heresias até no ventre materno. Eu tenho conversado muito com o Palocci, tenho mostrado que o pessoal do PSDB de São Paulo não é tão amigo dele não", acrescentou.

Aposta em Alckmin Lula aposta no nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como o candidato do PSDB à Presidência da República em 2006. "Parece-me que tudo caminha para o Alckmin", disse. "Eu acho que mais que o Serra. Até porque o Serra pagaria um preço enorme por abandonar São Paulo, depois de um ano e quatro meses na Prefeitura."

Ao longo de toda a entrevista, Lula foi indagado se será candidato à reeleição. Driblou todas as perguntas, dizendo que só tomará uma decisão em fevereiro ou em março do próximo ano. Disse ter ressalvas ao mecanismo da reeleição, defendendo um único mandato por um período de tempo maior.

No final da entrevista Lula disse que a hipótese da reeleição implica em não vender a alma ao diabo nas alianças políticas. "Caso contrário, se ganhar é vitória de Pirro, ganha e não governa. Então, eu medito muito, na hora em que tomar, eu sei que é para ganhar, não tomaria a decisão para disputar. E sei que o PT estará mais fragilizado. A não ser que devolva aos acusadores as acusações que fizeram contra ele", disse.

Chávez O presidente rejeita ser comparado ao presidente Hugo Chávez, mas critica quem não considera democrata o governante venezuelano. "Eu não quero ser que nem o Chávez, nem o Chávez quer ser igual a mim", disse, ao falar sobre as comparações que foram e são feitas entre os dois presidentes pelos analistas políticos e pela oposição ao longo da atual crise política.

Lula descartou a comparação, mas defendeu Chávez. Ele admitiu críticas ao presidente, mas ponderou: "Porque você pode não gostar do Chávez por "n" motivos, agora, o cidadão faz uma eleição, faz uma Constituição, faz um referendo, ganha o referendo, faz outro referendo, e ainda assim acham que não é democrata? Aí também é demais", disse .

Ao ser indagado se a América do Sul está indo para a esquerda, Lula concordou, mas não aceitou ser apresentado como um político de esquerda. "Eu sou torneiro mecânico e cheguei à Presidência da República por obra e graça da paciência", respondeu.





Fonte: Agência Estado

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