Setor de construção encerrará ano com crescimento de apenas 1%
São Paulo - O setor de construção deve registrar crescimento bem abaixo do esperado neste ano, segundo o Sindicato da Construção (SindusCon). A projeção inicial, feita no final do ano passado, era de uma expansão de 4,6%, mas agora os números indicam que a alta não passará de 1%.
O presidente do SindusCon, João Cláudio Robusti, disse que a expectativa inicial era que a liberação de recursos da poupança para financiamento do setor imobiliário fosse de R$ 12 bilhões, quando na verdade o setor receberá apenas R$ 4,6 bilhões até o fim deste ano. Os recursos do Fundo de Garantia (FGTS), que deveriam somar R$ 7 bilhões neste ano, serão de apenas R$ 5 bilhões.
Além disso, ele destacou que ninguém esperava que houvesse uma crise política. "No início do segundo trimestre tínhamos percebido um movimento dos empresários em aumentar os investimentos, mas a crise política fez com que esses projetos todos fossem adiados", afirmou.
Ele acrescentou que houve uma paralisação nas obras públicas, devido a não liberação de recursos pelo governo federal. Robusti disse ainda que os investimentos em infra-estrutura também foram fracos, visto que as parcerias Público-Privadas (PPPs) ainda não saíram do papel.
"Grande parte desse imobilismo deve-se à burocracia normal e também à burocracia criada pela política econômica conservadora." O presidente do SindusCon afirmou que o governo federal aplicou menos de 15% do orçamento previsto para obras públicas neste ano.
Cenário positivo para 2006 Em um cenário político e econômico positivo, o setor de construção espera crescer 5,1% no próximo ano. Nesta situação, o PIB aumentaria 3,3%, não haveria turbulências políticas e o risco Brasil continuaria baixo. Essa é a aposta Sinduscon, que espera maior investimento em obras públicas por ser um ano eleitoral.
Robusti destacou que a liberação de recursos da poupança e do FGTS terá um efeito sobre o segmento imobiliário. O SindusCon estima que, da poupança, virão R$ 6 bilhões por meio dos bancos privados e mais R$ 2 bilhões pela Caixa Econômica Federal. Do FGTS estão previstos R$ 11 bilhões. "Nos próximos três anos, o Brasil tem condições de aplicar R$ 27 bilhões em recursos captados com a poupança. Em cinco anos, esse montante pode chegar a R$ 40 bilhões."
Embora o SindusCon acredite que o cenário otimista tem todas as condições de se concretizar, o sindicato também traçou um cenário pessimista. Nesta condição, o setor de construção cresceria apenas 3% em 2006 e o PIB ficaria em 2%. Haveria desacertos na condução da política econômica e dos gastos públicos, queda de credibilidade, aumento do risco país e adiamento dos investimentos privados.
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