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Educação/Vestibular
Quinta - 08 de Dezembro de 2005 às 09:33

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São Paulo - Um programa de educação sexual baseado na construção de projetos de vida conseguiu reduzir, no período de um ano, em 80% o índice de gravidez na adolescência em 14 municípios do Vale do Ribeira, uma das regiões mais carentes do Estado de São Paulo e com as taxas mais altas de mães adolescentes.

Batizada de Vale Sonhar, a iniciativa foi promovida pelo Instituto Kaplan em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e o Fundo Social de Solidariedade de São Paulo.

Além de oferecer aulas de educação sexual, mostrando como funcionam os métodos contraceptivos e o corpo humano, o projeto investiu em uma metodologia diferente: fazer os adolescentes que estavam cursando o ensino médio pensar que sonhos teriam para a vida.

Ao estimular os jovens a se imaginarem estudando, trabalhando, enfim, criando possíveis metas de vida para o futuro, eles interrompiam a atividade. E começavam novamente, dessa vez fazendo-os imaginar como seria se tivessem um filho ainda adolescentes.

"Percebemos que esses jovens não tinham motivação para se preocupar com uma gravidez na adolescência. E não por falta de informação. Eles recebem informações de vários meios, mas ela não os atinge de verdade. Por isso tentamos outra abordagem, baseada em projetos de vida e no sonho, que é o que faltava para eles. Muitos desses adolescentes nunca haviam parado para pensar sobre seu futuro", explica a coordenadora do projeto, Maria Helena Vilela.



Capacitação Ao todo, foram capacitados 96 professores de 24 escolas. Juntos, eles trabalharam com cerca de 7 mil estudantes. Em 2004, quando o projeto começou, essas escolas tinham registrado 360 adolescentes grávidas nas salas de aula. Em 2005, após a inserção do projeto, foram 72.

Duas cidades, Pariquera-Açu e Eldorado, não tiveram nenhuma adolescente grávida nas escolas participantes depois do projeto, que será retomado e ampliado para outras cidades no ano que vem.

Segundo o Ministério da Saúde, meninas de 10 a 20 anos respondem por cerca de 25% dos partos feitos no Brasil. Em regiões carentes, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) menor, os números são maiores. No Vale do Ribeira, por exemplo, essas jovens representam 28% das gestações.

Escolhas

O primeiro contato do projeto foi com os professores, que participaram de cursos para aprender a conduzir as oficinas com os alunos - além de abordarem o tema em suas disciplinas curriculares. A primeira parte era justamente o sonho.

Os adolescentes foram estimulados, a partir de sua realidade, a perceber que trajetórias futuras poderiam ter, que profissão gostariam de seguir e como poderiam realizar suas vontades.

"Quando incluíam a gravidez nesse sonho, eles percebiam o impacto que ela tem quando acontece muito cedo, fora de hora", diz o professor de biologia Ricardo Pinze dos Santos. "Falávamos sobre prevenção esporadicamente, mas nunca com uma abordagem desse tipo. Depois das aulas, percebemos que eles discutiam o assunto, que estavam pensando sobre aquilo."

Depois disso, as oficinas enfocavam como funciona o corpo humano e o que ocorre em uma gestação. Por fim, os alunos discutiam os métodos existentes de prevenção, principalmente o uso da camisinha e da pílula.

"A gente acha que nunca vai acontecer, mas, se acontecer, tudo bem. Mas depois que a gente pensa nas dificuldades que teria com um filho nessa idade, em como seria difícil estudar, ter uma profissão, fica diferente", conta a aluna Marisa dos Santos, de 15 anos.




Fonte: Agência Estado

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