Campo Novo do Parecis sedia pesquisa inédita de Hantavirose
De acordo com a coordenadora de Saúde Coletiva e Saneamento Básico de Campo Novo, Ângela Kohl, a pesquisa contribuirá com respostas que certamente facilitarão no enfrentamento da doença e no seu controle, através da captura e análise sistemática – num período de dois anos – do principal reservatório do vírus: o rato silvestre.
O sanitarista do Ministério da Saúde, Mauro da Rosa Elkhoury, explica a abrangência da pesquisa. “Queremos descobrir tudo sobre a doença e o rato silvestre. A doença é ligada a biomas e o município de Campo Novo do Parecis, tem os três biomas onde os ratos silvestres vivem: cerrado, floresta tropical e pântanos”, afirmou.
Na ocasião o secretário municipal de Saúde, Renato Cerqueira, ressaltou a parceria no desenvolvimento da pesquisa. “São várias entidades reunidas para estudar o rato transmissor da hantavirose e a própria doença. O Ministério da Saúde, a Secretaria de Estado de Saúde, O Centro de Controle de Doenças de Atlanta, E.U.A, o laboratório Evandro Chagas (Belém do Pará), a Fundação Instituto Osvaldo Cruz (Fiocruz) e a secretaria municipal de Saúde são parceiros nessa pesquisa”, observou Renato.
Com experiência de 11 anos lidando com a doença e desenvolvendo pesquisa sobre ela, o pesquisador James Mills, esclareceu que a hantavirose tem sua proliferação ligada a vários fatores. “Os roedores, que são o reservatório natural do vírus abeta, proliferam de acordo com a oferta de alimento. Quando a população do rato silvestre aumenta, aumenta com ela o risco de contaminação com o vírus. A intromissão humana no habitat natural do roedor é um dos fatores mais fortes no aparecimento da doença, que tem uma letalidade de 50%, ou seja, de cada quatro pessoas contaminadas com o vírus, duas podem morrer”, esclareceu.
PREVENÇÃO – Embora a hantavirose seja uma doença altamente perigosa, especialmente após mais de quatro dias sem que a pessoa contaminada receba cuidados médicos, existem sinais que podem ajudar no diagnóstico e medidas de prevenção que podem impedir o contágio. O biólogo mineiro Joel Batista Peres, um dos pesquisadores que estão em Mato Grosso, informou que os sintomas são parecidos com gripes e resfriados fortes. “O sinal diferenciador na doença, é informar ao médico se esteve em área rural ou teve contato com algum rato silvestre, antes de começar a sentir os sintomas que o levaram a procurar cuidados médicos. Com essa informação o médico vai iniciar, imediatamente, uma bateria de exames que definirão se o paciente está contaminado com o vírus ou não”, explicou.
Caso seja encontrado um ambiente rural, silo, depósito, sala ou salão, com fezes ou urina de rato, existem algumas medidas que podem ser tomadas para que a pessoa não fique contaminada com o hantavírus, segundo Joel Batista. A primeira delas é ventilar o ambiente, abrindo portas e janelas, por pelo menos duas horas. Depois todo o piso do local deve ser molhado, incluindo-se aí o local onde está a urina e as fezes do animal. “Isto tem que ser feito com cuidado, sem levantar qualquer poeira”, instruiu Joel.
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