O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu neste sábado a seu embaixador no Vaticano para apresentar ao papa Bento XVI queixas sobre o que considera "ataques" políticos de parte de um grupo de bispos da Igreja Católica.
Em um ato no Palácio de Governo com seus embaixadores, Morales disse que o representante perante a Santa Sé, Carlos de la Riva, deve apresentar ao sumo pontífice toda a documentação para demonstrar a "conduta" do grupo de bispos que supostamente não respeita a norma do Vaticano de não fazer política.
Morales lembrou que durante uma visita ao Papa em meados de 2010 lhe falou em acabar com o celibato para pôr fim aos abusos sexuais de crianças por parte de sacerdotes católicos. "Que me disse Sua Santidade: "A Igreja não se introduz na política, nem a política na Igreja"", lembrou o presidente para depois insistir em que, apesar dessa postura do Papa, na Bolívia um grupo de bispos o ataca politicamente.
O presidente disse que a embaixada no Vaticano deve reunir as declarações, por exemplo, nas quais os bispos afirmam que seu Governo é autoritário e que tenta implementar um pensamento único na Bolívia porque tem o controle majoritário do Congresso.
Morales identificou o Bispo da cidade de El Alto, o espanhol-boliviano Jesús Juárez, como um dos religiosos que, segundo sua opinião, teve atuações políticas. Juárez defendeu esta semana um relatório da Igreja Católica e ativistas de direitos humanos que denunciaram que houve pressões e represálias aos nativos da reserva ecológica Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis) para que participem da consulta sobre uma estrada promovida pelo Governo.
Os bispos católicos também emitiram em várias oportunidades comunicados para alertar sobre a expansão do narcotráfico no país, denunciar que a justiça é manipulada e pedir anistia para processados e presos por razões políticas.
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