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Os dois criadores de King Kong, Merian C. Cooper e Ernst B. Schoedsack, eram tão extravagantes quanto a gigantesca criatura que imaginaram para as tel
O escritor de ficção científica Ray Bradbury considera este o melhor filme já realizado. Seu amigo Ray Harryhausen ficou tão impressionado com o que viu em 1933 que desde então vem fazendo animações de dinossauros.
E Peter Jackson, que assistiu aos 9 anos e tentou refazer King Kong aos 12, finalmente realizou o sonho.
Cooper era um ex-piloto que teve seu avião abatido em combate na Primeira Guerra Mundial e voltou ao ar para enfrentar os bolcheviques após eles terem invadido a Polônia em 1920.
Ele foi novamente abatido, condenado à morte, mas escapou do gulag soviético e caminhou 600 km até a cruzar a fronteira.
Ele se aliou a Schoedsack, um cinegrafista de combate durante a Primeira Guerra, e a dupla passou a produzir documentários notórios – Grass, de 1925, sobre a migração de uma tribo persa, e Chang, em 1927, sobre a luta de um homem contra a floresta.
Entusiasmo
Conheci esses dois homens, e me diverti com a forma como Cooper, que tinha vivido a vida de cem homens, ainda contava vantagens como um menino.
Era muito prazeroso. Ele tinha uma autoconfiança tremenda e um enorme entusiasmo. Schoedsack era um tipo forte, silencioso, alto e bonito, ao estilo Gary Cooper. Ele sempre provocava Merian Cooper.
Cooper, um dos diretores de King Kong
Cooper era fascinado por primatas – chegou a escrever certa vez um tratado sobre babuínos – e já tinha a idéia de King Kong desde a infância. Pensava que uma das maneiras de fazer o filme seria levar um gorila à ilha de Komodo e fazê-lo lutar contra lagartas gigantes.
Ao entrar para os estúdios RKO, Cooper observou como Willis O'Brien utilizava miniaturas de animais em um filme chamado Creation e percebeu que seria assim que daria vida ao King Kong.
Ele contratou o escritor britânico de romances policiais Edgar Wallace para preparar a estória, mas Wallace morreu antes de conseguir produzi-la.
A mulher de Schoedsack, Ruth Rose, escreveu o roteiro, e o chefe de produção da RKO, David O Selznick, deu sua aprovação. Ele não tinha a menor idéia do que se tratava, mas confiava no instinto de Cooper.
Expedição
A experiência prévia de Cooper e Schoedsack foi bem aproveitada, e King Kong relata uma expedição cinematográfica.
O cineasta durão da trama, Carl Denham, é baseado em Cooper, e seu amigo, Driscoll, é inspirado em Schoedsack.
Fay Wray, uma amiga de longa data de Cooper, recebeu o papel de Ann Darrow. O diretor disse que ela deveria contracenar com o astro mais alto e escuro de Hollywood, e ela ficou entusiasmada pensando que seria Carry Grant.
"Isso não era o que Cooper tinha em mente", contou ela depois.
O filme levou um ano para ser concluído. Era incrivelmente violento para a época. Talvez seja por isso que Adolf Hitler tenha gostado tanto. Ao ser relançado em 1938, as cenas mais extremas de violência foram cortadas – mas depois foram incluídas novamente e mantidas.
Talvez King Kong seja o único filme capaz de tonar algo inanimado em carne e osso. Quem o assiste releva os defeitos, a pele embaralhada, e sente verdadeira comoção por Kong.
Os cenários de King Kong foram destruídos em 1939 para a cena do incêndio de Atlanta em E o Vento Levou.
Cooper foi trabalhar com John Ford, produzindo a Cavalry Trilogy e The Searchers. Isso antes de servir na China, durante a Segunda Guerra, como chefe de gabinete do general Chennault.
Ao morrer, Cooper havia recém-começado uma autobiografia que seria intitulada Eu Sou King Kong.
Este é o título que usamos para um documentário que produzimos sobre este homem extraordinário e que será exibido em Londres esta semana.
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