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Nacional
Terça - 06 de Dezembro de 2005 às 10:35

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Representantes de diferentes povos indígenas do Estado do Amazonas denunciaram hoje em Paris o desaparecimento progressivo do território que habitam e os problemas que enfrentam como povo.

O ato, no qual participaram membros dos povos Kayapo, Pareci e Yawalipiti, foi organizado pela parte francesa da AI (Anistia Internacional) e pela Wayanga, associação de defesa dos direitos dos povos da Amazônia brasileira.

Daniel Cabixi, do povo Pareci, deu um alerta para a crescente expansão das monoculturas, como a soja ou a cana de açúcar. Caso continue este aumento, disse Cabixi, "o Estado do Amazonas se transformará em um grande deserto, no lugar dos pequenos cultivos que nos dão o que comer".

"Para nós, o meio ambiente representa a vida que nos alimenta", disse Bepkampo Metyktire, representante do povo kayapo e neto do reconhecido líder indígena Raoni.

Outras comunidades do Amazonas têm de enfrentar diferentes problemas, como o desflorestamento, a "falta de cultura" ou a superpopulação, lembrou Izanoel dos Santos Sodré, indigenista da Funai (Fundação do Índio). "O Brasil é um país multicultural que conta com 215 povos indígenas", lembrou Izanoel ao explicar que a Constituição de 1988 "reconhece essa diversidade".

Representando o Greenpeace, Ludovic Frere disse que, segundo um relatório de 2003, 80% das explorações de madeira no Amazonas acontecem de maneira ilegal e a França é o principal importador europeu de madeira dessa região.

Ao resumir as violações dos direitos dos povos indígenas do Brasil, o representante da AI, Genevieve Garrigos, afirmou que "os povos que perdem sua terra apresentam uma taxa de mortalidade infantil duas vezes maior que os que não perdem, por causa da desnutrição".

Ele denunciou também que "quando tentam recuperar pacificamente suas terras, são vítimas de ameaças", lembrando que os índios foram "vítimas de diversos massacres". Além disso, acrescentou, os indígenas se vêem expostos a outros problemas, como o alcoolismo ou a violência, "próprios de sociedades desarraigadas".

Segundo Izanoel, o governo Lula "mostra compreensão em relação a nossa situação e houve uma recente mudança do enfoque integracionista do problema, que consistia em ver o indigenismo como um passo intermediário até sua integração".

O representante da Funai disse, além disso, que em março de 2006 será criado o Conselho Consultivo Indígena, no qual os líderes destas comunidades poderão opinar sobre os problemas que os afetam.

Garricos reconheceu que "com o Governo Lula houve melhoras, sobretudo no tema da delimitação de territórios". No entanto, afirmou que este é um processo complicado porque os grupos de pressão tentam recuperar essas terras e evitar que os indígenas façam valer seus direitos.





Fonte: 24 Horas News

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