Rússia e bloco ocidental divergem sobre missões de observação
Enquanto o ministro de Assuntos Exteriores russo, Serguei Lavrov, exigiu a redução da autonomia das missões de observação eleitoral da Osce, os ocidentais defenderam o Escritório de Instituições Democráticas e Direitos Humanos da Osce (Odihr).
"Os EUA elogiaram o Odihr. É o padrão na prática de observação eleitoral no mundo", disse o subsecretário de Estado americano, Nicholas Burns. "Pedimos a todos os países-membros que dêem boas-vindas a todas as missões de observação eleitoral da Osce. O Odihr deveria ser respeitado e fortalecido", completou.
O número dois do Departamento de Estado reconheceu, inclusive, que seu próprio Governo recebeu os "valiosos" comentários do Odihr nas últimas eleições presidenciais de seu país.
"O Odihr realiza a função crucial desta organização, ou seja, apoiar as eleições e a democracia, algo aprovado por todos os membros da Osce", disse Burns, que ocupou em Liubliana o lugar da secretária de Estado, Condoleeza Rice, que decidiu não ir à reunião.
Além disso, o ministro solicitou o estabelecimento de regras claras para o processo de observação, seus métodos, sua composição e o número de observadores.
Já o ministro de Assuntos Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, disse que, em suas 150 missões de observação eleitoral, a Osce trabalhou "de forma profissional e imparcial".
"As missões contribuíram para fortalecer a democracia e para aumentar a legitimidade dos Parlamentos e dos Governos dos países-membros da Osce", disse Steinmeier.
A Rússia expressou sua irritação hoje ao mesmo tempo em que a Osce criticava as eleições presidenciais de ontem no Cazaquistão, uma ex-república soviética sob forte influência russa. A organização garantiu hoje que o pleito não se ajustou a uma "série de padrões europeus de eleições democráticas".
"Apesar dos esforços para melhorar o processo eleitoral, as autoridades não mostraram vontade política suficiente para realizar eleições genuínas de acordo com os padrões internacionais", disse Bruce George, chefe da missão de observadores da Osce na capital cazaque, Astana.
O principal assunto de disputa entre a Rússia e seus parceiros ocidentais são as observações eleitorais e a promessa russa, não cumprida, de retirar todas suas bases militares das ex-repúblicas soviéticas da Moldávia e da Geórgia.
Só no caso da Geórgia foram dados os primeiro passos para uma retirada até 2008.
A Osce é formada por 55 países da Europa, da América do Norte e da Ásia Central, enquanto outras 12 nações da Ásia e do sul do Mediterrâneo são observadoras.
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