Pinochet será julgado por 3 casos da "Operação Colombo"

O juiz Víctor Montiglio rejeitou hoje um pedido de citação contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet no processo pelo desaparecimento de quatro das vítimas da "Operação Colombo", mas aceitou submetê-lo a julgamento por outros três casos. O juiz rejeitou o pedido da acusação aplicando o princípio de "coisa julgada", pois esses casos tinham sido analisados em outro processo, que já havia sido solucionado pela Justiça militar, disseram fontes judiciais.

No último dia 24 de novembro, Montiglio tinha citado Pinochet (1973-1990) no processo por seis crimes dessa operação, que foi uma montagem da Polícia secreta da ditadura para acobertar o desaparecimento de 119 opositores, em 1975.

São casos como os de Arturo Barría Araneda, Juan Chacón Olivares, Carmen Bueno e Jorge Müller, que, na opinião de Montiglio, já foram resolvidos pela Justiça militar em 1977 com a aplicação da anistia.

No entanto, o juiz, em outra resolução divulgada meia hora depois, aceitou citar o ex-ditador pelas desaparições de Víctor Garay Hermosilla, Juan Carlos Perelman e Antonio Cabezas, todos detidos em 1974.

Eles se juntam aos outros seis casos de detidos desaparecidos pelos quais Montiglio processou Pinochet em novembro.

A maioria das 119 vítimas da operação pertencia ao Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), grupo que resistiu com armas à ditadura de Augusto Pinochet.

Montiglio resolveu citar o ex-ditador depois de submetê-lo a exames neurológicos, psiquiátricos e psicológicos que determinaram que ele está mentalmente apto para ser julgado.

O juiz também submeteu Pinochet a um extenso interrogatório e a uma acareação com o ex-chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina), Manuel Contreras.

Os advogados Hiram Villagra e Sergio Concha, que representam as famílias das vítimas, tinham pedido o julgamento de Pinochet por considerarem que o processo afirma que "a máxima autoridade" esteve por trás dos crimes e das atividades da Dina.

O advogado Boris Paredes, do Programa de Direitos Humanos do Ministério do Interior, já tinha apresentado um pedido de julgamento contra Pinochet.

No atual processo, o ex-ditador está detido preventivamente em seu domicílio, no bairro do setor oriental de Santiago.

Amanhã, a Corte Suprema revisará o recurso apresentado pela defesa de Pinochet para anular o efeito de sua citação no caso Colombo, movimento que já foi rejeitado na última sexta-feira pela Corte de Apelações.