Estado deflagra pesquisa inédita no país na área de hantavirose
Na quarta-feira (07.12), às nove e trinta da manhã, os pesquisadores apresentarão ao secretário de Estado de Saúde, Augustinho Moro, numa reunião técnica, a estratégia e metodologia do projeto. A reunião será aberta à imprensa.
A pesquisa financiada pelo Ministério da Saúde e pelo Estado de Mato Grosso será desenvolvida por etapas e surgiu da necessidade constatada no ano de 2001, quando foi identificada, na região de Campo Novo do Parecis, uma espécie de roedores denominada Bolomys Lasiurus. A partir daí, em especial nos anos de 2003, 2004 e 2005, aumentaram os casos de contágio humano por hantavirose. Os aumentos aconteceram durante o ano inteiro, sem qualquer sazonalidade definida, ou seja, constatou-se a presença constante do rato, o que levou a Secretaria de Vigilância em Saúde do MS a pensar nesse projeto de pesquisa para o qual foi convidado o cientista James Mills para dar assessoria técnica.
A segunda etapa do projeto está marcada para começar em março de 2006.
Mato Grosso, por ser um Estado peculiarmente agrícola, tem áreas bem definidas de casos notificados de hantavirose, circunscritos principalmente à região do Médio Norte, nos municípios de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis. O que o pesquisador James Mills pretende fazer, já em dezembro de 2005, será o levantamento preliminar do problema, in loco, e o treinamento específico para os servidores municipais que também participarão do trabalho de pesquisa.
Serão colocadas entre 400 e 600 armadilhas em quatro áreas do município de Campo Novo do Parecis, durante sete noites. Os animais capturados serão anestesiados e terão a sorologia, e vísceras (pulmão, coração, rim, baço e fígado) coletados para analise e pesquisa.
A hantavirose é uma zoonose transmitida por ratos silvestres através das fezes e urinas desses animais. Em contato com o ar as fezes desses roedores secam e se transformam em aerosóis (em forma de poeira). Quando pessoas fazem a limpeza de galpões, silos, paióis ou mesmo em áreas de lazer, colheita ou plantio, essa poeira se mistura ao ar que as pessoas respiram e elas ficam contaminadas com o vírus. De 1999 a 2005 foram notificados e confirmados 51 casos de hantavirose no Estado de Mato Grosso. Desses, 30 casos, foram tratados com êxito e 21 vieram a óbito.
Segundo o técnico da Vigilância Epidemiológica de Ses, responsável pelo agravo, Aparecido Alberto Rodrigues Marques, "em 2001 foi feito uma captura de roedores nos municípios de Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Nova Olímpia. Foram capturados 136 roedores, dos quais oito estavam infectados com o vírus hanta, sendo dois deles capturados em Campo Novo e seis em Tangará da Serra".
No ano de 2002 foi feito um inquérito sorológico onde foram colhidas 440 amostras de sangue de pessoas que moram na zona rural dos três municípios acima citados. O percentual de infectados (pessoas que tiveram contato com o vírus e a doença não se manifestou) foi de 8%. "No Brasil não existem casos confirmados de transmissão pessoa a pessoa, somente por meio do contato do homem com as fezes e urina dos ratos silvestres", afirmou.
Durante os anos de 2003, 2004 e 2005 foram capacitados em torno de 50 médicos para tratamento e diagnóstico da hantavirose, principalmente do interior do Estado já que a doença é exclusivamente de área rural.
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